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Pitty no Trip FM

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 Priscilla Novaes Leone, mais conhecida como Pitty, é a convidada de hoje no Trip FM

 

Pitty é a maior representante do rock brasileiro contemporâneo e, depois de um hiato de cinco anos, acaba de lançar seu quarto álbum de canções inéditas, o Setevidas.

Nascida em Salvador, por mais estranho que possa parecer, foi na década de 90, em Porto Seguro, em plena efervescência das festas de lambada, que ela teve seu encontro definitivo com o rock. Tocou em bandas de hardcore, fez faculdade de música e, em 2003, lançou seu primeiro disco solo, o Admirável Mundo Novo. 

Nos últimos onze anos, vendeu mais de cinco milhões de álbuns, colecionou prêmios e até incursionou pelo universo folk, ao lado de Martin Mendonça, com quem formou o projeto Agridoce.

Se você se liga na boa música nacional, não pode perder a entrevista com a cantora, que também lançou este ano o livro Pitty – Cronografia: Uma Trajetória em Fotos, obra que conta, em texto e retratos, sua jornada de vida e carreira.

 

SET 

Groundation -- Liberation Call

Raul Seixas -- As Minas do Rei Salomão

Lou Reed -- Satellite of Love

Paul Mccartney -- New

Pitty -- Boca Aberta

 

--

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz


Romário fala muito

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Modéstia nunca foi a de Romário. Aos 48 anos, o craque que "dava dez sem tirar" e para quem não adiantava nada "dormir cedo e não jogar porra nenhuma" se tornou o senador mais bem votado da história do Rio de Janeiro, com 4,7 milhões de votos. Apesar do decoro da nova função, ele segue afiado - e solta o verbo. Racismo, CBF, Dunga, Neymar, Travesti Thalita: nada escapa da mira do baixinho

Há cerca de um mês, na Câmara dos Deputados, em Brasília, Romário caminhava com a calma do craque que domina a grande área. Os passos eram curtos. Em vez de calção e chuteira, vestia paletó e gravata. Tapas nos ombros e sorrisos surgiam pelo caminho, detendo-o por instantes. Havia um burburinho de estádio de futebol. 

Às 15h42 do dia 8 de outubro de 2014, Sua Excelência Romário de Souza Faria, 48 anos, comemorava os 4,7 milhões de votos que recebera três dias antes: “Não é todo dia que um ex-favelado é eleito senador da República”, discursou da tribuna da Câmara, onde cumpre mandato desde 2011 pelo PSB-RJ. “Eu me permito deixar a modéstia de lado e afirmar que a minha vitória é um feito na história do parlamento e na do meu estado: com muita honra, tornei-me o senador mais bem votado da história do Rio de Janeiro.”

Modéstia não está entre as qualidades de Romário. Foi uma “vitória do caralho”, resumiria depois, longe dos microfones. Resultado de um mandato de deputado do qual “gosta pra caralho”, afirma. Apesar de reclamar que “tudo o que tem a ver com o Romário, nego fala pra caralho”. A verdade é que Romário está cheio de tesão para o novo mandato. Um caso em que confundir eleição e ereção não parece fazer tanta diferença assim.

ESTRELA DO ESTRELINHA

Nascido em 1966 na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, Romário mudou-se em 1970 para a Vila da Penha, outro bairro do subúrbio. Cresceu entre campos de terra batida e malandros ingênuos – se comparados com os traficantes que dominam a venda de drogas hoje na região. Filho de seu Edevair e dona Lita, nos primeiros anos da infância não tinha geladeira em casa, muito menos televisão. O país era embalado pelo milagre brasileiro do general Médici e pela comemoração do tricampeonato mundial de futebol. Na casa de Romário o que existia era o rádio. Seu Edevair buscou o nome do filho ali, ao pé do aparelho. “Romário, o homem dicionário” era um quadro do programa César de Alencar.

Em 1979, a estrela do Estrelinha, time de várzea criado por seu pai, foi levada por olheiros para treinar no Olaria Atlético Clube. Tinha 13 anos, era magrelo e franzino. O apelido Baixinho se associaria à sua vida a partir daí, mesmo chegando a respeitável 1,68 metro na vida adulta (não muito distante da altura média do brasileiro, 1,72 metro). 

Às vezes, Romário faltava aos treinos porque não tinha dinheiro para a passagem do ônibus. Para a escola ia sempre. Caminhava 6 quilômetros para ir e voltar de Cordovil, onde estudava. Em poucos anos, entraria no juvenil do Vasco. Profissionalizou-se em 1985 e três anos depois, aos 22, foi jogar na Europa. Em 2000, a Fifa o escolheu como um dos cinco maiores jogadores da história do futebol. Tostão afirmou que foi o maior atacante que viu jogar. O holandês Johann Cruyff chamou-o de “o gênio da grande área”. O escritor uruguaio Eduardo Galeano comparou-o a um tigre que aparece do nada, dá seu bote e se esfuma. 

Encerrou a carreira em 2007. Contabilizou 1.002 gols. Jogou por 12 clubes. Depois de Estrelinha, Olaria e Vasco da Gama, vieram PSV Eindhoven, Barcelona, Flamengo, Valencia, Fluminense, Al-Sadd, Miami, Adelaide United e, realizando o sonho do pai, o amado América, pelo qual disputou uma única partida. O América será a próxima novidade na vida de Romário. Deve assumir neste mês como presidente do clube.

UM CARALHO DE DIFERENÇA

Nos últimos quatro anos, como deputado, Romário apresentou 130 proposições legislativas. Foi autor de projetos de lei que limitam a reeleição de dirigentes esportivos em federações estaduais, além de fiscal renitente dos abusos nos gastos com obras da Copa do Mundo. Apresentou projetos de lei variados. Da lei que tipifica como crime a chamada pornografia de vingança (revenge porn) até a que aumenta penas de violência sexual e crueldade contra pessoas com deficiência. Fez a defesa constante das pessoas com doenças raras. Ivy, sua caçula, tem síndrome de Down. É a maior inspiração na vida pessoal e política do pai.

Todo craque pensa rápido. Antecipa-se ao marcador. Romário é assim. “Quem precisa ter boa imagem é aparelho de TV”, respondeu a quem cobrava por seu comportamento fora de campo. Sobre um técnico novato que o repreendeu, disse: “O cara entrou no ônibus agora, não está nem em pé e já quer sentar na janela.” Nos últimos dias da recente campanha eleitoral, Romário gravou mensagem de apoio a Aécio Neves – depois de dez dias de negociação em que o tucano teve de contornar atritos passados entre o senador eleito e Ronaldo, centroavante campeão mundial e amigo de longa data de Aécio. Ex-amigos, Ronaldo e Romário trocaram críticas quando o primeiro integrava o comitê organizador da Copa, alvo da acidez do parlamentar. Ronaldo queria ouvir um pedido de desculpas de Romário, o que não aconteceu. Mas essa não foi a primeira vez que o Baixinho não arredou pé e envolveu-se em polêmicas, sem medir o tamanho do oponente. “O Pelé calado é um poeta. Era bom colocar um sapato na boca dele”, atacou ao ouvir que o rei do futebol tinha dito que era hora de ele se aposentar. 

Em vez de parar, Romário se reinventou. É pai de seis filhos, com quatro mulheres. O que o obriga a pagar quatro pensões e visitar três casas diferentes. Apenas dois moram com ele em Brasília. Afirma que está de novo solteiro: “Estou namorando uma pessoa, mas ela não sabe ainda”. Continua a colecionar polêmicas. Outro dia foi tema de colunas de fofoca ao ser fotografado de mãos dadas com Thalita Zampirolli. Quando lhe perguntei sobre o tema, chamei Thalita de travesti. Romário me corrigiu: “Ela é transexual. Não confunda as coisas, porque elas ficam bravas”. Entre uma e outra coisa, há um caralho de diferença, ensina o senador eleito.

"Eu sou negro. Se o Neymar não se acha negro, não é negro. Ele é quem decide. Eu sou preto. E está tudo certo."

Trip. E a CPI da CBF, sai ou não sai?

Romário. Segundo a presidência da Câmara, está na fila, depois de eu ter conseguido as assinaturas necessárias para aprovar sua instalação. Era a oitava na fila de instalação cinco meses atrás. No mês passado, já era a quarta. [O Congresso tem um limite máximo de cinco Comissões Parlamentares de Inquérito em andamento simultâneo. Os demais pedidos de instalação de CPI entram em uma fila, aguardando que as anteriores terminem seus trabalhos para que as novas sejam instaladas.] Espero que saia. Seria um grande orgulho presidir ou ser relator da CPI, mas politicamente sei que é difícil porque não acham interessante que isso ocorra [os cargos de presidente e relator são designações das maiores bancadas do Câmara, atualmente PT e PMDB.] O correto seria que eu fosse, no mínimo, o relator.

O que você quer investigar na CBF? Aquilo é uma caixa-preta. O Brasil precisa saber o que acontece na CBF. São as contas em geral. Quanto ganhou, quanto pagou, para quê. Quantos ficaram ricos e por quê.

A CBF terá um novo presidente, Marco Polo del Nero, a partir de abril. Mas você acha que nada muda, porque já o chamou até de “rato”. Del Nero e [José Maria] Marin [atual presidente da CBF] são dois dos piores profissionais e administradores do país. Definitivamente não são o tipo de administrador que a CBF precisa. A CBF precisa de diretores de perfil moderno e profissional.

Você sempre foi próximo ao Dunga, técnico da seleção, quando era jogador. Você troca ideias com ele? Ele sabe o que penso. Primeiro de tudo: não era hora de ele voltar ao comando da seleção. Já que voltou, boa sorte, espero que faça um bom trabalho.

André Mourão / Agif

Assombrado pelo fantasma da Copa:

Assombrado pelo fantasma da Copa:

Quem você preferia como técnico? Algum estrangeiro? Não. Temos condições de escolher alguém jovem, com ideias novas. A CBF é tão atrasada que colocou o Gilmar Rinaldi para ser coordenador de seleções. Ele não tem a mínima condição de assumir nada. Nem em clube, imagina na CBF. Infelizmente a seleção vai se transformar num banco de negócios. Espero que não, mas é o que vai acontecer. Só espero que o Dunga não se meta nisso.

O que achou do Dunga nesses primeiros jogos no comando da seleção? A primeira passagem do Dunga pela seleção foi boa. Só perdeu o que era mais importante, a Copa do Mundo [risos]. A seleção precisava de algo novo. Já que é o Dunga, meu amigo, espero que se dê bem, que faça um bom trabalho.

Neymar vai superar Romário? Vai. Em relação a gols na seleção, vai. [Neymar tem 40 gols pela seleção, sendo o quinto maior artilheiro. Romário, com 55 gols, é o terceiro, atrás de Ronaldo (62) e Pelé (77).] 

Será maior do que Romário, então. Romário é insuperável. Vai fazer mais gols, só. Talvez chegue aos mil gols. Mas ser igual a Romário ninguém vai ser, não [risos]. Ele tem tudo para ser maior do que o Messi. Messi já está na história de alguma forma. Neymar pode entrar para a história de um jeito mais completo. Messi talvez nem tenha mais uma Copa para disputar e vencer. Neymar tem mais três ou quatro para disputar.

Você assiste a jogos de futebol hoje? Não vejo porra nenhuma.

Por quê? Porque o América não aparece. Infelizmente.

Em novembro, você assume a presidência do América-RJ. Existe essa possibilidade. Há 90% de chance. O novo conselho já foi eleito. Sou o presidente da chapa única. Eu sou América. Os primeiros dez jogos de futebol a que assisti, com meu pai, foram do América. 

Como será o Romário gestor? Como conseguir dinheiro para o América? Vou correr atrás de patrocinador. Hoje é mais difícil arrumar patrocinador do que jogador. Os empresários infelizmente têm muita desconfiança – e com razão – em relação a onde colocam o seu dinheiro no futebol. Ainda mais em um clube fora da primeira divisão. 

Como vê a atuação da Caixa Econômica Federal, um banco público, como maior patrocinadora do futebol do país? Se o América conseguir seu certificado de adimplência em relação ao governo federal, vou atrás da Caixa. Nesse caso, não vejo problema ser dinheiro público. É investimento no esporte. E, se eu for presidente, uma coisa não vai ter nada a ver com outra.

Você declarou patrimônio de menos de R$ 2 milhões quando se lançou candidato ao Senado. Para quem já
teve vários carros importados, vários apartamentos à beira-mar e atuou nos principais clubes do mundo, é um patrimônio pequeno. O que aconteceu? Costumo dizer que dor de barriga dá em todo mundo. Eu tive a minha. Tudo o que perdi na Justiça e tive de pagar, paguei. Tenho a receber de três clubes brasileiros: Vasco, Flamengo e Fluminense. Somando tudo, dá R$ 70 milhões no mínimo. Tive problemas financeiros num período da vida. Mas consegui pagar o que devia. Sou um cara feliz com o que tenho. Vivo numa situação confortável, feliz.

Por que gosta de Brasília? Já disse que “gosta pra caralho” de ser deputado. Isso vem desde 1995, quando jogava no Flamengo. Jogávamos muitas partidas aqui. Arrumei muitos amigos. A qualidade de vida de Brasília é muito boa. Todo mundo reclama do clima seco, mas para mim sempre foi muito bom. Jogo meu futebol e até futevôlei. Na minha casa, montei uma quadra de futevôlei. A cidade tem bons restaurantes e noites animadas. Muita festa na casa de amigos.

"Sou 100% a favor da criminalização da homofobia. Cada um tem sua forma de expor suas preferências. [...] A reação violenta só tem um nome: babaquice."

Houve uma festa na sua casa de Brasília que saiu em todos os jornais, com vizinhos reclamando de que o barulho foi até o amanhecer. Quem eram os convidados? Tudo que é do Romário, nego fala pra caralho. Sou até feliz por isso. Chegaram a dizer que havia convite à venda, mas não era pago, não. Se alguém vendeu, foi de forma indevida. Convidei várias pessoas de Brasília. Alguns amigos do Rio e de outros estados foram também. Na minha rua, já houve várias festas como aquela em outras casas. Como era a festa do Romário, há sempre quem queira aparecer em jornal e site. Muitos vizinhos foram na minha festa.

Suas assessoras são muito bonitas [duas delas acompanhavam a entrevista, uma foi eleita musa da torcida do Atlético e trabalha como jornalista no gabinete do deputado]. É critério de contratação? Antes de serem bonitas, levantamos os currículos delas. São profissionais. A Márcia Magalhães, a musa paranaense, é formada em jornalismo e fez carreira no jornalismo esportivo. Por acaso, é linda. Parabéns. É ótimo ter mulheres bonitas por perto. Mas o mais importante é o currículo. 

Existe mulher bonita no Congresso? Minha musa lá é a deputada cadeirante Rosinha da Adefal (PTdoB-AL). Ela e a Mara Gabrilli (PSDB-SP), também cadeirante.

A política é arte mais difícil do que o futebol porque dá menos alegria?Este governo do PT não tem dado

Alan Marques/Folhapress

Com a filha, Ivy, e a presidente Dilma Rousseff

Com a filha, Ivy, e a presidente Dilma Rousseff

muita alegria. Todo mundo enriquecendo ilicitamente, prisão que o cara entra hoje e sai amanhã. Nossos velhos sofrem pra caramba com aposentadorias diminuídas pelo fator previdenciário. Os deficientes que recebem o Benefício de Prestação Continuada do governo ganham um terço do salário mínimo. Se roubarem menos na política, meterem menos a mão e elaborarem uma política pública mais direcionada, pode-se melhorar, dar mais alegria ao povo. 

Quais são suas principais bandeiras como político? O básico é obrigação. Saúde, escola e emprego. Além disso, precisamos de centros de excelência para diagnóstico e tratamento de pessoas com doenças raras e deficiência física. Rodo muito o Brasil. Isso não existe. E tem o crack, que invadiu o país. Temos vários centros de reabilitação no Rio, mas 80% deles são mantidos pelas igrejas evangélicas e católicas. Os governos federal, estadual e municipal não agem. Se o esporte chegasse às comunidades e locais carentes, se os moleques tivessem condição de praticar esporte, haveria muito menos dependentes. Conheço essas porras todas. E não vou lá só nesses três meses de campanha. Eu vim de lá. E ainda vou lá. A maioria dos meus amigos continua vivendo nas comunidades. Jogo futebol com eles. Compareço no aniversário dos caras. Vejo como é. Minha ideia de melhora não é teórica. É prática. Vejo isso todos os dias.

E a internação do viciado em crack tem que ser voluntária ou não? Cara, tem de ser compulsória. O dependente, criança ou jovem, perde a noção das coisas. Crack é a única droga que pode viciar desde a primeira vez, segundo os especialistas. O cara não tem noção. Tem de pegar e internar. Mas num lugar que tenha condição de essas pessoas se curarem e se tratarem. Não pode colocar todo mundo num caminhão e levar para um lugar qualquer, sem a mínima condição, onde o cara vai ficar pior lá do que na rua. É preciso uma política pública direcionada. O governo tem de gastar. Deixar de gastar R$ 1 bilhão ou R$ 2 bilhões em estádios e colocar dinheiro nisso. O pessoal tem de parar de roubar R$ 25 bilhões da Petrobras e colocar dinheiro nisso. Se não as coisas não vão acontecer.

Esporte é um tema pouco abordado pelos políticos. Ninguém falou em esporte nos debates presidenciais. Os dois assuntos que fazem parte da minha vida política não foram tratados na campanha presidencial: pessoas com deficiência e doenças raras e esporte. Foi uma falha grande dos dois candidatos no segundo turno e da Marina Silva também no primeiro. Eles tinham de repensar isso.

Esperava uma vitória tão fácil para o Senado? Só entrei na disputa quando vi que tinha ao menos 50% de chances de ganhar. Vi as pesquisas e aceitei a candidatura. Os pré-candidatos eram, além de Cesar Maia, Sérgio Cabral e Wagner Montes. Mas as pesquisas mostravam que eu podia ganhar de todos eles. Foi uma votação muito expressiva. Tive mais votos do que realmente esperava. Em relação há quatro anos, da minha votação de deputado para a de senador, tive muitos votos nas classes A e B. Na primeira eleição, não foi assim. Os caras estão vendo que meu trabalho é mais para o pobre, para as pessoas que necessitam, mas também para o Rio em geral.

Você agora está preocupado com a pornografia de vingança, por exemplo. Como surgem suas ideias de projeto? Os problemas com vídeos íntimos colocados na internet têm crescido muito. Eu e a galera que trabalha comigo vamos conversando e percebendo os temas que surgem e são importantes, como esse. É falta de respeito expor uma relação desse jeito. 

Você já gravou suas relações sexuais? Eu não. Tudo o que fiz todo mundo já sabe.

Carlos Moura /CB/D.A Press

Com o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ)

Com o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ)

Você tem uma agenda moderna em alguns pontos, mas é conservador em outros. Por exemplo, é crítico da união civil entre pessoas do mesmo sexo? Quero que as pessoas sejam felizes da sua forma. Mas, se você me perguntar se eu quero que meu filho case com homem, a resposta é não. Se quero que minha filha case com mulher, também não. Mas, se casar, que sejam felizes assim. O Estado é laico. Não tem de haver abordagem religiosa sobre esse ponto. 

É a favor da criminalização da homofobia? Sou 100% a favor da criminalização da homofobia. 

O futebol é um universo homofóbico? O Emerson, quando estava no Corinthians, foi hostilizado pela própria torcida depois de aparecer dando um selinho num amigo. Cada um tem sua forma de expor suas preferências, de dizer que está feliz, de comemorar algo. A reação violenta só tem um nome: babaquice. 

Há jogador que entra em campo e a torcida chama de gay. Existe muito atleta no armário no futebol? A pessoa tem o direito de escolher se quer falar da sua intimidade. Se ela não quer se expor, se acha que assumir vai expô-la de alguma maneira, tem o direito de ficar na sua. 

Você jogou com jogadores gays? Acredito que tenha jogado. Mas nunca vi ninguém dando na minha frente não.

"A CBF é um mal para o futebol e para a seleção. [...] Aquilo é uma caixa-preta. O Brasil precisa saber o que acontece na CBF."

E o racismo no futebol? Como acompanhou o caso do goleiro Aranha, xingado de macaco por torcedores do Grêmio? O racismo é evidente, está no dia a dia da nossa sociedade. Em todos os segmentos. No esporte não é diferente. Eu chamar alguém de macaco porque a pessoa é preta vai depender da forma, do motivo e do momento para poder dizer que é racismo. O caso do Aranha foi racismo. Só acho que não é o clube que tem de pagar, não é a torcida. São aqueles torcedores específicos que praticaram o racismo que têm de ser punidos. Os torcedores que chamaram o Aranha de macaco foram identificados e têm de pagar por isso. 

Já enfrentou episódios de racismo, seja no Brasil ou quando jogou no exterior? Não. Nunca tive barreira de cor nem no começo da carreira. Com 22 anos fui jogar na Holanda. Passei seis anos lá. Não aconteceu nada disso. 

Neymar já disse que não se acha negro. Você é negro? Eu sou negro. Se ele não se acha negro, não é negro. Ele é quem decide. Não acredito que ele fale isso por ter vergonha de se admitir negro. É porque realmente não se acha negro. Eu sou preto. E está tudo certo.

E no parlamento? Há preconceito? Lá me relaciono com todo mundo. Menos com os corruptos e ladrões. Falo até com alguns desses, mas porque ainda não divulgaram provas contra eles.

Conseguiu fazer amigos entre os deputados? Sim. Domingos Neto (PROS-CE), Julio Delgado (PSB-MG), Valadares Filho (PSB-SE), José Antônio Regufe (PDT-DF), Silvio Costa (PMNPE). Às vezes, a relação de amizade independe da política. Tenho muito boa relação com o Miro Teixeira (PROSRJ), com o Chico Alencar (PSOL-RJ), com o Rubens Bueno (PPS-PR).

Estudo sobre suas votações e discursos feito por um grupo de pesquisadores mostrou que você está no centro. Suas posições não são de esquerda nem de direita. Suas votações em plenário também não são nem de apoiar o governo nem de ser oposição. Entrei na política por meio de um partido de esquerda, o PSB. Mas tenho consciência que preciso votar naquilo que eu entenda que seja bom para a população. Por isso é que não se consegue identificar se sou de direita ou de esquerda. Quando tem um projeto de lei, projeto de emenda constitucional, medida provisória para votar, independentemente do que meu partido peça, eu voto com minha consciência. Muitas vezes contra meu partido. Um exemplo: na votação do novo Código Florestal votei a favor, porque o partido pediu. Depois percebi que o projeto prejudicava o Rio de Janeiro. Então me arrependi. Comecei a agir de modo mais individual na votação. No Código Florestal, foi unanimidade no partido. Depois vi que estava errado. O Código Florestal era bom para alguns estados, mas não para o Rio.

Qual será seu posicionamento em relação ao novo mandato presidencial? Oposição ou situação? Vou votar com a minha consciência. Meu partido não me deu porra nenhuma. Eu dei muito mais para meu partido. Quatro anos atrás, o PSB teve 4 mil votos na legenda. Neste ano, teve 120 mil votos. Eu fiz um deputado federal e um deputado estadual. Fiz porque fui para a televisão pedir voto. O partido não me deu nenhum real para fazer campanha. Nenhum tipo de ajuda. Nada. Esse é mais um motivo pelo qual vou votar como quiser.

Seu partido encaminhou dinheiro. Você recebeu financiamento de campanha da Ambev, patrocinadora da CBF. É algo que contradiz seu discurso, porque já condenou o que chama de “bancada da bola”, financiada pela CBF e por seus aliados. Como explica? Recebi da Ambev porque o partido nacional mandou, é verdade. Se aparecer em oito anos algum projeto relacionado a beneficiar a Ambev, ou aos bancos Santander e Bradesco, que me ajudaram também, se for contra minhas ideias, contra a população, eles já sabem: não tenho rabo preso com eles porque me ajudaram. 

E sua posição em relação à CBF, da qual a Ambev é patrocinadora? Isso aí principalmente. A CBF é um mal para o futebol e para a seleção. Não vai ser uma patrocinadora que mudará minhas opiniões. Faço questão de deixar isso claro. Quero que as pessoas me cobrem ainda mais quando houver votações em jogo para beneficiar bancos, cervejarias ou coisas assim. A pauta de oito anos de mandato será extensa. Muitos assuntos polêmicos cairão lá, e as pessoas, eu sei, vão me acompanhar.

O STF deve determinar a proibição do financiamento privado de campanha. Você é a favor do financiamento público de campanha? Tem de haver uma reforma política geral. Não só acabar com o financiamento privado de campanha. Por exemplo, o que sou totalmente contrário são essas placas de propaganda dos candidatos. O país ica três meses com esse lixo na rua. Essa porrada de placas de campanha na rua tem de ser proibida na reforma política. Sobre o financiamento público de campanha, ainda não tenho opinião formada. 

Outro tema polêmico: é a favor da redução da maioridade penal, a idade mínima pela qual um jovem pode ser condenado por um crime em patamar equivalente ao de um adulto? Sou a favor. O cara que vota tem consciência de muitas coisas que faz. Se cometer um crime, tem de pagar por isso. Mas tem de haver uma reforma geral. Que se mude a educação. Sou contra também o massacre a crianças e jovens, principalmente pobres e negros. Essa lei não pode servir apenas para preto e pobre. 

Uma das posições mais modernas no Brasil sobre drogas, hoje, é do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele defende, ao lado de outros líderes mundiais, a descriminalização das drogas. Qual sua opinião? Não sou a favor. Tenho seis filhos. Não acho bonito que meus filhos fiquem usando droga por aí. Mas um jovem preso com baseado não deve ir para a cadeia. Na Holanda, a droga não é liberada. Em Amsterdã, permitese comprar maconha, mas não é em todo o país. Nosso país tem problemas em muitas áreas. Tem muita coisa que precisa ser feita antes disso. 

Você morou em Amsterdã. Nunca entrou num daqueles cafés e fumou maconha? Nunca. Nunca fumei maconha, nem cheirei pó. Nem loló [droga caseira à base de clorofórmio e éter] nem nada.

"Não era hora de o Dunga voltar à seleção. [...] Infelizmente, a seleção vai se tornar um banco de negócios. Espero que não, mas é o que vai acontecer. Torço para que o dunga não se meta nisso"

Bebe? Até o último dia em que joguei, nunca bebi. Passei agora a beber um pouco de champanhe ou de prosecco. Mas sou fraco pra bebida.

No seu tempo de jogador, você gostava de ficar na noite. Era sem bebida, só atrás de mulher? Só atrás, não. Na frente também [risos]. Conheço muitos jogadores hoje que fumam e bebem. É uma coisa ruim para o corpo.

Carlos Miller/Agência JB

Com os filhos Moniquinha, Ivy, Belinha, Romarinho, Rapha, Danielle e a ex-esposa Isabella

Com os filhos Moniquinha, Ivy, Belinha, Romarinho, Rapha, Danielle e a ex-esposa Isabella

No futebol, repreender os jogadores, trancá-los em concentração, esse tipo de coisa ajuda para mantê-los na linha? Não adianta. Muitos clubes que acabaram com essa história de concentração têm resultados positivos. Outros mantêm e também têm. Vai depender da consciência profissional de cada um. Da forma como a responsabilidade é passada para o grupo, da liderança do treinador, dos jogadores mais experientes, dos diretores. 

Como é sua relação com smartphones, redes sociais e mundo digital? Noventa por cento das mensagens das minhas redes sociais são escritas por mim. O restante fica por conta da equipe. Não sou totalmente voltado para essa porra de rede social, não. Mas olho todo dia, porque é uma obrigação. Em plenário também, porque passa o tempo. Às vezes tem nego falando um monte de merda. E aí fico na rede social.

O Romarinho, seu filho, está com 20 anos, no Brasiliense. Ainda tem chance de estourar? Infelizmente, 20 anos no futebol para muitos já é velho. Ele tem crescido bastante. O Brasiliense é uma boa escola. 

Mas deve ser um peso ser filho do Romário. Pergunte a ele. Eu não vejo isso, não. Ele leva na boa.

Mas o considera um craque? Ele joga bem. Mas Romário ele não vai superar, não. 

"A Thalita não é travesti. É transexual. Não confuda as coisas porque elas ficam bravas. [...] Mas não fiz nada. Hoje tenho dúvida se infeliz ou felizmente não fiz nada, porque bonita ela é..."

Você disse que Pelé calado é um poeta. Como senador eleito, como vê as polêmicas em que já se meteu? A frase é boa, né? Pegou mesmo. Mas sempre falei com o Pelé. Não tenho nada contra ele. Depois disso falei várias vezes com ele. 

Tem algum inimigo? A única pessoa que não consegui voltar a ter uma relação foi o Zagallo. Também não quero. Deixe ele para lá e me deixe para cá. 

Ainda dói não ter disputado as Copas do Mundo de 1998 e 2002? Lembro delas, mas não guardo mágoa. Tenho outras coisas para me preocupar.

Quer sair candidato a prefeito do Rio em 2016? No momento, quero cumprir meus oito anos de mandato de senador. Se nesse período a população entender que deva ser candidato a prefeito ou a governador em 2018, pode ser. Mas não é o que penso agora.

Imagina-se candidato a presidente? Não.

A preparação para a Olimpíada repete os erros da Copa? Já estão gastando sem nenhum controle nem transparência. É obra cara demais, gastando onde não tem que gastar. São erros dos governos federal, estadual e municipal. Não precisa gastar R$ 27 bilhões para fazer uma Olimpíada. Temos outras prioridades, problemas seríssimos a resolver. O evento tem de acontecer? Claro. Um puta de um evento. Mais uma chance de mostrar ao mundo o que é a brasilidade. Foi o que ocorreu na Copa do Mundo. Esse foi o legado positivo. A capacidade de receber, de ser carinhoso, amigo, mesmo com todos os nossos problemas. Como senador, vamos convocar audiências públicas para que os responsáveis pelas obras apareçam e deem explicações.

O Comitê Olímpico Internacional é melhor do que a Fifa? Qualquer um é melhor do que a Fifa. A Fifa é a entidade mais corrupta do mundo. Se o COI fosse pior do que a Fifa... Puta que pariu! Pior do que a Fifa só a CBF e a Conmebol [confederação de futebol sulamericana]. As passeatas de junho de 2013 tinham de continuar. Meus filhos foram, com os amigos. Elas deram uma sacudida nos políticos. 

A última pergunta: o que é aquela foto em que você aparece de mão dada com uma travesti na noite do Rio? As pessoas me conhecem. Há poucas pessoas públicas tão transparentes como eu sou. Se eu tivesse ficado, saído, dado um beijo, seria o primeiro a dizer. Diria: fiquei porque não sabia. 

Não sabia o quê? Que era travesti? Não sabia aquele dia. Agora, a Thalita não é travesti. É transexual. Não confunda as coisas porque elas ficam bravas. Mas, depois do momento daquela foto, ela pegou o carro dela e eu fui para o meu. Não aconteceu porra nenhuma. Depois rolou um papo que ela disse que me namorou um ano... Porra nenhuma. Quis aparecer. Não vejo dificuldade em assumir uma coisa que tenha feito. Diria: não sabia, mas fiz. Mas não fiz nada. Hoje tenho dúvida se infeliz ou felizmente não fiz nada. Porque bonita ela é...

Bruno Pesca no Trip FM

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Kishore Kumar

E no Trip Fm de hoje o papo é com o economista, apresentador de TV e surfista Bruno Pesca, que é formado em economia e trabalhou alguns anos em bancos de investimento. No meio do caminho Bruno deixou as planilhas de lado para buscar uma atividade que fizesse mais sentido para a sua vida. Nessa jornada, ele viajou para diversos países do mundo, conheceu muita coisa nova e apresentou tudo isso nos programas Não Conta lá em Casa e A Vida que eu Queria transmitidos pelo canal a cabo Off.

É sobre essa trajetória e sobre o novo projeto, um canal de vídeos no Youtube chamado Inspire, que a gente fala no Trip FM de hoje com Bruno Pesca.

Set

Kelly Slater -- Feelin the Feelings
Criolo -- Cartão de Visita
Neil Young -- Heart of Gold
Peter Bjorn & John -- Young Folks
Jack Johnson -- Sitting, Waiting, Wishing

O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Marjorie Estiano no Trip FM

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Marjorie Estiano no estúdio do Trip FM

Marjorie Estiano no estúdio do Trip FM

Ela estreou como atriz na televisão em 2003, na série Malhação, da Rede Globo. De lá pra cá, participou ainda das novelas Páginas da Vida, Duas Caras, Caminho das Índias e Lado a Lado.

Atualmente, ela vive a vilã e megera Cora, que inferniza a vida do Comendador na novela das 9, Império. Papel que ela reassumiu em virtude do estado de saúde de Drica Moraes.

Para arrematar, a moça ainda está de volta à cena musical com o disco Oito, depois de sete anos sem lançar um álbum.

É com muito prazer  que o TRIP FM de hoje recebe Marjorie Dias de Oliveira, mais conhecida como Marjorie Estiano.


SET

Aloe Blacc -- Wake me Up

Roberto Carlos -- Não Adianta Nada

Gregory Porter -- Wind Song

London Grammar -- Nightcall

Marjorie Estiano -- A Não Ser o Perdão

 

Marjorie Estiano também é uma Trip Girl! Relembre este ensaio histórico

 

O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Trip #239: Edição especial recomeço

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Trip #239 nas bancas: Guilherme Fontes e a Trip Girl Marina Filizola

Trip #239 nas bancas: Guilherme Fontes e a Trip Girl Marina Filizola


“Recomeço” é o tema que inspirou a edição #239 da revista Trip, que chega às bancas nesta semana. Uma mulher que retoma sua liberdade depois de inúmeras passagens pelo sistema carcerário; um rolê de stand up pelas águas do Pinheiros para denunciar o absurdo do descaso com nossos rios em plena seca; um ator que decidiu se tornar cineasta e tenta após 20 anos lançar seu filme -- no caso, o ator Guilherme Fontes que filmou Chatô, o rei do Brasil, inspirado na biografia de Fernando Morais.

Abaixo, um pequeno trecho da entrevista com Fontes. "Eu me sinto como um náufrago que, depois de anos e grandes tempestades, chega à costa carregando seu tesouro”, desabafa o ator/produtor que, para quem duvida, garante que vai lançar seu filme em breve.

 

Que grande lição você tirou dessa história toda, da filmagem do Chatô?

Jamais faria um filme sem o dinheiro todo na conta. Foi meu único problema. O dinheiro tem que estar 100% na conta. A lei permite usar mesmo que você não tenha 100%, isso está errado. Sair pra captar é legal e você envolve outros personagens no processo. Por outro lado, você coloca pessoas que não têm nada a ver com o processo pra decidir sobre o negócio. Tudo bem que você precisa de anunciantes, mas não pode condicionar à existência desses patrocinadores a obra cultural do país. As pessoas já estão começando a usar dinheiro próprio e esquecendo do incentivo.

O que podemos esperar do filme?

Estou encantado com o lançamento do Chatô. Acho que fizemos um grande trabalho. Como disse o Cacá Diegues, quando viu o material bruto: “É o último filme tropicalista do cinema brasileiro”. É uma grande homenagem ao cinema novo, ao modernismo, a tudo que admiro. Ao Fernando Morais pelo grande livro que escreveu. Não sei por que os figurões do cinema vieram me satanizar. Eu sou produtor pra brigar por mais espaços, mais empregos para a nossa classe. Fui até o fundo do poço por esse filme. Mas tinha mola lá embaixo. Valeu a pena.

Alexandre Nero no Trip FM

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Alexandre Nero no Trip FM

Alexandre Nero no Trip FM


E Trip FM a gente traz pra vocês uma entrevista muito bacana realizada em 2012 com Alexandre Nero, ator que está brilhando como o Comendador da novela das 9, Império.

Na ocasião da entrevista, Alexandre estava lançando seu terceiro disco, Vendo Amor. E ele falou com a gente sobre a carreira paralela como cantor, o começo da sua trajetória, cantando em barzinhos de Curitiba.

Papo interessante e divertido que a gente resgata pra vocês hoje no TRIP FM.

 

SET:

Rolling Stones – Miss You

Erlend Oye – Peng Pong

Artic Monkeys – Why'd You Only Call me When You're High

Greatful Dead – Franklin's Tower

Alexandre Nero – Vendo a Vista


O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

TRIP FM ESPECIAIS DE FÉRIAS

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Ale Potas

Ana Paula Padrão

Ana Paula Padrão, durante entrevista nos estúdios do Trip FM.

O Trip FM também está em um período de merecidas férias, mas em janeiro você confere uma programação das melhores entrevistas exibidas em 2014.

E no programa de hoje, a gente relembra a visita de Ana Paula Padrão em nossos estúdios, anterior ao sucesso do Master Chef, da TV Bandeirantes.

Referência do jornalismo televisivo brasileiro, ela falou sobre ter pedido demissão do cargo mais cobiçado entres os jornalista de televisão, o de âncora do Jornal da Globo. Falou também sobre as mulheres que abdicam da feminilidade e da família para crescer profissionalmente, casamento, maternidade e bolsas, sim, ela confessa sua obsessão por esse acessório.

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E nas próximas semanas tem muita coisa boa pra relembrar no Trip FM. Põe na agenda:

16/01 - Carlos Alberto de Nóbrega

23/01 - Os Gêmeos

30/01 - Rórion Gracie

Lauro Henriques Jr, autor do livro Palavras de Poder, no Trip FM

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Lauro Henriques Jr: Conheço pessoas supostamente espiritualizadas falando em ir embora de São Paulo “vamos salvar nossa pele”. É uma crise humana e a pessoa quer ficar bem na fita

Lauro Henriques Jr: Conheço pessoas supostamente espiritualizadas falando em ir embora de São Paulo “vamos salvar nossa pele”. É uma crise humana... e a pessoa quer ficar bem na fita!

Ele é jornalista, escritor e poeta. Desde 2009 ele tem conversado com alguns dos mais importantes mestres da espiritualidade e do autoconhecimento do Brasil e do mundo.

Da budista Monja Coen ao físico quântico Amit Goswani; do professor Hermógenes, importante difusor da ioga no Brasil, à astróloga pop Susan Miller; do frade dominicano Frei Beto ao Lama Surya Das, um dos conselheiros pessoais do Dalai Lama; da mãe de santo Mãe Stella de Oxóssi ao escritor Rubem Alves.

Todas essas conversas estão compiladas na coleção Palavras de Poder, que teve seu terceiro volume lançado no fim do ano passado.

O papo aqui no Trip FM é com o idealizador e realizador dessa verdadeira enciclopédia da condição humana, Lauro Henriques Jr

 

SET:

Kings of Convenience - "Mrs Cold"

Belle and Sebastian - “Ever Had a Little Faith?”

Criolo - “Cartão de Visita”

Hugh Laurie - “Yeh Yeh”

Bob Marley - “One Love”

 

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz


Guilherme Fontes, Marjorie Estiano, Rodrigo Amarante no Trip TV #28

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Enquanto lançava o disco "Oito" que marca sua estreia como compositora, Marjorie Estiano foi chamada às pressas para substituir a atriz Drica Moraes no papel da vilã Cora, na novela Império, da Globo. No papo, a bela, talentosa e premiada artista fala sobre música, televisão e sensualidade: "a função do ser humano é criar, é construir é explorar sua totalidade".

Depois de correr dezenas de países com seu projeto pessoal e prestes a reencontrar com a antiga banda, o músico Rodrigo Amarante conversa com o programa sobre o disco solo, planos futuros e, claro, Los Hermanos: "A gente acabou no auge porque a gente não é negócio. Los Hermanos nunca foi negócio. Sempre foi alegria, tesão".

Guilherme Fontes é ator e foi um dos principais galãs da televisão na década de 80. Depois de 20 anos produzindo seu filme de estreia como diretor e produtor, o Chatô, ele está perto de realizar um sonho. Ou de viver um pesadelo. Enquanto flerta com a possibilidade de finalmente lançar sua obra, ele pode ser condenado a qualquer momento a pagar mais de 80 milhões de reais aos cofres públicos. Ele contou pra gente a epopeia e faz duras críticas ao cinema nacional: "O Brasil pesquisa mal, pré-produz um pouquinho melhor, filma bem, finaliza mal e lança pior ainda".

E ainda: acostumado à lugares paradisíacos, o campeão de stand-up paddle Alessandro Matero dá um role pela águas podres do rio Pinheiros, além de claro: mais uma linda Trip Girl, Rafaela Rocha.

Pedro Sccoby, Bruno Mazzeo, Matheus Nachtergaele no Trip TV #29

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Bruno Mazzeo á pode ser considerado um veterano do humor brasileiro. Filho do ícone da comédia, Chico Anysio, ele escreveu vários programas de sucesso na TV nos últimos 20 anos.

E, já que é Carnaval, o programa foi conversar com Matheus Nachtergaele. Figura recorrente no elenco dos principais filmes brasileiros dos último anos, como "O que é isso, companheiro", "O auto da compadecida", "Bicho de sete cabeças", "Cidade de Deus" e "Serra Pelada", o ator acaba de viver no cinema a história de um dos maiores carnavalescos de todos os tempos, Joãosinho Trinta: “O bonito do Carnaval é que a gente passa alguns dias celebrando a vida em liberdade”.

Com jeito de moleque e cara de menino, Pedro Sccoby conquistou o coração de uma das mulheres mais desejadas do Brasil, Luana Piovani. Em um ensaio sensual exclusivo, o Trip TV revela seu segredo.

E ainda neste programa: a incrível trajetória da dona Vilani, professora autoditada e mãe do rapper Criolo. E o repórter Luis Roberto Formiga reúne a velha guarda e mostra que brincar de skate não é só coisa de criança.

Matheus Nachtergaele comenta a experiência de viver Joaozinho Trinta no cinema no Trip FM

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Nesta edição do Trip FM a conversa é com o ator Matheus Nachtergaele, figurinha carimbada nas principais produções do cinema nacional. 

No ano passado, Matheus interpretou Joãosinho Trinta, o carnavalesco de todos os tempos. E, em ritmo de carnaval, a gente foi falar com ele sobre esse trabalho,

O ator revela também como trabalha na construção de seus personagens e sua experiência como diretor, à frente do filme A Festa da Menina Morta.

SET:

Iggy Pop - Candy

Junip - Always

Van Morrison - Brown Eyed Girl

Shuggie Otis - Hurricane

Daniel Groove - Quem Será que Gosta Mais 

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado 107,3MHz

A trajetória de Dona Vilani, mãe do rapper Criolo

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A incrível trajetória da Dona Vilani, professora autoditada e mãe do rapper Criolo.

Mallu Magalhães, Tony Tornado e Marcello Serpa Trip TV #30

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Mallu Magalhães é uma das grandes revelações da música brasileira dos últimos anos. Extremamente precoce, seu talento e seu relacionamento com o músico Marcelo Camelo sempre foram alvos de polêmicas. Depois de um retiro em Portugal, Mallu voltou à cena musical com a Banda do Mar. E é sobre esse momento especial, mais maduro e extrovertido, que Mallu conversa esta semana com o Trip TV: “No fundo eu sempre fui exibida”.

 

Tony Tornado

Tony Tornado

Ele é um dos precursores da black music no Brasil e é dono de uma das trajetórias mais incríveis do show business brasileiro. Foi paraquedista do Exército na década de 50, morou no Harlem, em Nova York, na década de 60, foi ícone da MPB e vencedor de Festival Internacional da Canção na década de 70, além de ter sido ator de muitas novelas e minisséries da Rede Globo da década de 80 em diante. Pra conhecer um pouco melhor essa figura, o Trip TV recebe Toni Tornado. O cantor e ator conta sobre a temporada nos Estados Unidos e seu encontro com James Brown, além de falar sobre música e preconceito: “A luta continua porque a vitória é certa”.

E Marcello Serpa, sócio da agencia AlmapBBDO e um dos mais respeitados publicitários do país, fala com o programa sobre descriminalização da maconha e o filme Drugo, animação que fez muito sucesso na internet ao propor políticas mais eficientes e humanas para o país lidar com as drogas: “É importante parar de demonizar a droga”.

Ainda nesta edição: a bordo de um planador, você vai surfar nas nuvens com o repórter Luis Roberto Formiga. 

De volta à cena musical, Mallu Magalhães, no Trip FM

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Mallu Magalhães

Mallu Magalhães

E nesta edição do Trip FM a gente traz pra você alguns dos melhores momentos da entrevista que a Mallu Magalhães concedeu para a revista Tpm deste mês. 

A Mallu é capa e está nas Páginas Vermelhas da revista falando sobre o começo da sua carreira, bullying, haters, briga com os pais, o começo do relacionamento com Marcelo Camelo, o retiro em Portugal e mais um monte de coisa legal. 


SET

Novos Baianos - Mistério do Planeta

Angus & Julia Stone - All This Love

Marianne Faithfull - Strange One

You + Me - From a Closet in Norway

Banda do Mar - Mais Ninguém


Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado 107,3MHz

Marcello Serpa comenta a produção de Drugo, animação sobre o fracasso da Guerra as Drogas

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Marcello Serpa, sócio da agencia AlmapBBDO e um dos mais respeitados publicitários do país, fala com o programa sobre descriminalização das drogas e o filme Drugo, animação que fez muito sucesso na internet ao propor políticas mais eficientes e humanas para o país lidar com as drogas: "É importante parar de demonizar a droga".

Assista também o curta completo abaixo

Na época, Trip noticiou o lançamento de Drugo.  Lembra?

 


Tony Tornado, ícone da black music nacional

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Ele é um dos precursores da black music no Brasil e é dono de uma das trajetórias mais incríveis do show business brasileiro. Foi paraquedista do Exército na década de 50, morou no Harlem, em Nova York, na década de 60, foi ícone da MPB e vencedor de Festival Internacional da Canção na década de 70, além de ter sido ator de muitas novelas e minisséries da Rede Globo da década de 80 em diante. Pra conhecer um pouco melhor essa figura, o Trip TV recebe Toni Tornado. O cantor e ator conta sobre a temporada nos Estados Unidos e seu encontro com James Brown, além de falar sobre música e preconceito: “A luta continua porque a vitória é certa”.

Fábio Porchat, Pitty e o ensaio do Mohamad do Masterchef no TripTV#31

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Fundador do Porta dos Fundos, workaholic e ansioso convicto, Fábio Porchat abre seu cérebro caótico para o Trip TV desta semana e fala sobre rotina, assédio, alimentação, exercício físico e tesão: “Gosto de dormir, gosto de acordar, gosto de trabalhar, gosto de comer, gosto de foder... Gosto de fazer tudo”.

Ela é a maior representante do rock brasileiro contemporâneo e, depois de um hiato de cinco anos, acaba de lançar seu quarto álbum de canções inéditas, o Setevidas. Pitty conversa com o programa sobre o disco novo, processo criativo, rock’n’roll, tatuagem e hipertiroidismo, doença que mudou seu corpo: “No final das contas os revezes servem para alguma coisa”.

No fim das contas ele não conseguiu conquistar os jurados do programa Masterchef, aqui da Band, e foi eliminado na semifinal. Mas, com seu jeitão meio atrapalhado e com muita atitude, Mohamad Hindi Neto conquistou o público, principalmente o feminino. Pra quem estava com saudade do rapaz, o Trip TV traz ele de volta para a cozinha, mas, dessa vez, com muito menos roupa.

Ainda neste programa: os segredos da apneia, prática que melhora o desempenho físico de esportistas e que salva vida de surfistas.

Henrique Fogaça, sucesso como jurado do Masterchef, hoje na cozinha do Trip FM

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Henrique Fogaça é o convidado deste Trip FM

Henrique Fogaça é o convidado deste episódio do Trip FM.

Ele é um dos mais badalados e comentados chefs de cozinha do momento. Natural da joia do interior paulista, a formosa Piracicaba, e criado no oeste do estado, na bela Ribeirão Preto, antes de se descobrir nas panelas, ele cursou um pouco de arquitetura, comércio exterior e chegou a trabalhar em um banco.

Largou tudo para se matricular no curso de Chef Executivo, na FMU, e começou a vender hambúrgueres na Kombi do cunhado. Depois da Kombi, vendeu sanduíches porta a porta, fez estágios com outros chefs, até que foi convidado à abrir um café na Galeria Vermelho, local que ele batizou de Sal Gastronomia, hoje um importante restaurante de São Paulo.

O papo nesta edição do Trip FM é com Henrique Fogaça que, no ano passado, obteve um sucesso tremendo como jurado do programa Masterchef, na Band. 

 

Set: 

Jack White - Alone in my Home

The Slackers - Sarah

Jorge Ben Jor - Mais que Nada

The Growlers - Humdrum Blues

Kirsty McGee - Salt 

 

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado 107,3MHz

Facundo Guerra: o dono da noite paulistana

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Gil Inoue

Mesmo alguém chamado Facundo já foi criança um dia. E, num desses dias, Facundo zanzava entre as gôndolas de um mercado perto de sua casa, quando deu de cara com um aprazível saco de balas, que lhe pareceu absolutamente irresistível – não fosse um detalhe. Seu preço estava além dos trocados que trazia no bolso.

Para sua alegria, o código de barras ainda era ficção, e o valor de cada uma daquelas centenas de mercadorias coloridas estava marcado em etiquetas. Etiquetas removíveis. Assim, num rompante de malandragem peso pluma, trocou o preço de seu açucarado objeto do desejo pelo de algo cujo valor coubesse em seu orçamento juvenil.

Naturalmente, o caixa sacou a mutreta e acionou o gerente, que por sua vez ligou para o responsável do dimenor. E lá se foi o doutor Onofre Guerra, médico homeopata, resgatar o filho daquele castigo no quartinho dos fundos da loja.

“Quando ele chegou, me disse uma coisa que nunca vou esquecer”, lembra Facundo, que recita as palavras com sua voz mansa: “Ó, teu sobrenome tá emprestado. Teu avô foi torturado por ele. Já me fodi muito pra não enlamear esse nome. Não me foda o Guerra por 1 cruzeiro”. 

PERNAS ARGENTINAS

Facundo Guerra nasceu há 41 anos em Córdoba, na Argentina, justamente porque seu avô foi torturado e seu pai se fodeu muito.

No pequeno município paulista de Presidente Bernardes, José da Silva Guerra, o avô, levava uma jornada dupla de médico e militante do Partido Comunista Brasileiro. Se a popularidade com os pacientes não foi capaz de impedir uma penca de detenções brutais durante a ditadura militar, serviu ao menos para que lhe poupassem a vida.

Vendo o regime apertar no início dos anos 70, recomendou ao filho, que lhe herdara tanto a vocação profissional quanto política, que fosse estudar medicina na Argentina, então voltando a respirar ares civis. Onofre trocou a Juventude Comunista pela provinciana Córdoba.

Entre uma aula e outra, gamou na jovem vendedora do quiosque instalado em frente à universidade. Ela também achou graça naquele brasileiro, que sempre pedia para ver o que estivesse na prateleira do alto – obrigando a argentina a subir no banquinho e revelar toda a plenitude de suas pernas.

HIPSTERLAND

Três filhos e uma abertura política depois, a família Guerra decide se estabelecer no Brasil. “A gente era classe média baixa, não vou dizer pobre porque não era, mas não tinha grana pra porra nenhuma”, resume Facundo. “Morava em Santa Cecília [região central paulistana], que não era a hipsterland que tá se tornando.”

Graças a bolsas de estudo, frequentou os colégios de elite Mackenzie e Bandeirantes. Graças ao sotaque hermano e à timidez, frequentou o punho dos valentões da escola. “Eu era o argentino bobão”, reconhece, hoje do alto de seu 1,85 metro cevado em treinos de boxe e corridas de 10 quilômetros.

Bom nerd, cursou engenharia de alimentos no Instituto Mauá de Tecnologia (bolsista, de novo). A diversidade de interesses o levaria a uma pós-graduação em jornalismo internacional e, depois, ao mestrado e doutorado em ciências políticas. Sua carreira de executivo passou pelas multinacionais Tetra Pak, American Express e Aol, até ser bruscamente interrompida pelo estouro da bolha da internet: aos 30 anos, perdeu o emprego de gerente na gigante norte-americana de tecnologia.

MARRETADA

Em vez de preparar um currículo, Facundo aceitou o convite para abrir uma boate com um amigo que já era do ramo, atual ex-amigo (“Conhecer o [José] Tibira foi a melhor coisa que me aconteceu. A segunda melhor foi me afastar dele”).

Nascia o Vegas, que logo virou referência na revitalização do Baixo Augusta. Revitalização? “Falar em revitalização é quase fascista, né? Não existia vida antes, se pobre frequenta não tem vida?”, rechaça Facundo. “Não tinha essa coisa heróica, tava interessado em aluguel baixo.” Sete anos depois, baixaria as portas, vítima do hype que ajudou a criar, inviabilizando os aluguéis da região.

Mas o Grupo Vegas já era realidade. Hoje, emprega cerca de 300 funcionários para atender, segundo Facundo, mais de 800 mil pessoas por ano nos bares Z Carniceria, Volt e Riviera, e nas casas noturnas Lions, Yatch e Cine Joia – todos em São Paulo.

Facundo quer mais, muito mais. Planeja abrir quase dez novos espaços nos próximos dois anos. Dois deles, já em obras: o Museu do Agora, espaço de cultura no que restou do Belvedere Trianon, próximo à avenida Paulista, e uma casa de shows onde ficava o legendário Aeroanta, no Largo da Batata. Um terceiro, o bar PanAm, no topo do Maksoud Hotel, abriu no final de janeiro. “Tá na hora da marretada, então vou marretar até me estraçalhar”, diz. “Tô com uma mão muito boa.” 

Trip. Você postou no Facebook: “Um salve para aquele que será o melhor ano da minha vida. 2015, te tenho pelos chifres”. Pelos chifres?

Facundo Guerra. É que não acredito em sorte. Há dez anos, invisto na minha reputação. Empresário brasileiro é meio extrativista, tenta tirar o máximo de lucro no menor tempo possível. Desde que abri o Vegas, aposto no meu capital social, na minha reputação, e não no capital financeiro, pra colher os frutos mais pra frente.

O ano promete ser difícil, você não fica preocupado em abrir tantos lugares novos? São quase dez espaços novos entre 2015 e 16, mas não tenho medo. Os projetos precisam de pouco investimento, todos têm um aluguel muito baixo, um ticket médio baixo. E o entretenimento sofre menos com a crise. Por mais que a pessoa tenha se fodido, precisa de escapismo para suportar.

O tamanho dos seus negócios mais que dobraria. Mas os projetos não são variações sobre o mesmo tema. Não tô montando mais um barzinho... No Maksoud Hotel, vão ser o bar PanAm, o café com comida orgânica e floricultura Planta e o cinema em parceria com a rede francesa MK2. O restaurante no terraço do prédio da Gazeta, na avenida Paulista...

Esse em parceria com o chef Alex Atala? Isso, queremos fazer também um parque público lá no alto. Tem também uma casa de shows onde era o antigo Aeroanta, no Largo da Batata. O Drive In, uma sala de cinema no Belas Artes. O Clube,um clube de música via crowfunding. O Museu do Agora, no Belvedere Trianon, dedicado a artistas sem galeria, músicos sem casa, iniciativas sem espaço. E estamos tentando fazer uma parceria público-privada para operar os planetários dosparques do Ibirapuera e do Carmo.

Planetários? Em toda cidade que aterrisso, a primeira coisa que faço é ir ao planetário. Não consigo acreditar que em São Paulo não tenha um planetário funcionando. Uma cidade que não tem horizonte, que não tem estrela...

O risco não aumenta quando você sai da sua área? O que você aprende em uma, replica na outra.

O que casa noturna tem a ver com planetário, cinema e floricultura? O serviço, a programação e a relação da pessoa com o espaço. Tudo isso você vai encontrar dentro dessas estruturas de entretenimento.

Qual o faturamento do Grupo Vegas? Sinceramente, não sei. Não me preocupo com número.

Alguém tem que se preocupar com número. Aí tenho um sócio que cuida só da parte financeira, com a equipe dele. Meu homem da máxima confiança. Ele me diz se tá tudo bem, se posso relaxar. Sempre tive uma relação quase virtual com dinheiro. Muito dinheiro passou na minha mão, muito dinheiro foi embora… Quanto dinheiro preciso acumular? Vou pegar meus milhõezinhos e investir em que, cobertura na Vila Olímpia? Em carro importado, casa em Maresias?

''Quanto dinheiro preciso acumular? Vou pegar meus milhõezinhos e investir em que, cobertura na Vila Olímpia? Carro importado, casa em Maresias?''

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A casa noturna Club Yacht

A casa noturna Club Yacht

Qual seu patrimônio pessoal? Tenho um apartamento de 90 metros quadrados na [rua] Bela Cintra, e não fica no lado do Jardins. Reinvisto tudo, tudo, tudo [em novos negócios]. Tô num jogo de pirâmide: tudo que ganho num empreendimento coloco no outro. E depois no outro.

Pirâmide parece meio irresponsável. De certa maneira, não tô sendo o cara mais responsável do mundo. Vou cacifando, porque acredito no que tô fazendo. Também tenho que ter lucro, não sou ONG. Não tô a fim de pagar pros outros se divertirem.

Você é sempre sócio majoritário? No Volt, no Z e no Joia sou majoritário. No Yatch, Lions e Riviera tenho 50%.

Mesmo assim não junta dinheiro? É engraçado, porque todo mundo me vê meio como Tio Patinhas. Tiro entre 15 e 20 paus por mês, salário de executivo de médio escalão. Como meu custo de vida é baixo, ainda sobra. Meu colchão deve ser de 150 mil reais, se tanto. Não é questão de pagar de pobre, de modesto. Só que os lucros que os lugares geram financiam novos lugares. Nunca tô num lugar, estou sempre no próximo.

É uma ansiedade, você não consegue curtir o lugar? Nunca consigo curtir o lugar. Vou me arrepender em algum momento, tenho certeza, mas não consigo relaxar o rabo.

Consegue ficar sem fazer nada? Nunca, tô sempre fazendo alguma coisa.

Você compartilhou no Kindle um trecho do Henry Miller que tem a ver com isso: “Manter a cabeça vazia é um feito e tanto”. Alienação é uma coisa chave na minha vida. Não leio jornal, não tenho cabo há anos, não me relaciono com TV aberta. As notícias respingam em mim via redes sociais, um feed que vou silenciando cada vez mais... O único veículo que acesso é o Gizmodo gringo, que me fala de amanhã a partir de hoje.

Queria não fazer nada? Queria, sou um vagabundo de espírito. Um dia faço isso, mas agora é meu tempo. Tô superpotente, com aquela energia de jovem-leão-velho. É a hora da marretada, então vou marretar até me estraçalhar. Tenho muita sorte de viver isso. Muita gente apaga antes do tempo, nem carbura. Tô vivendo uma vida foda. Tô com uma mão muito boa.

''Por mais que eu recupere símbolos da cidade, no fundo vendo álcool. [...] Na minha cabeça, como botequeiro, sou um dealer legitimado pelo estado''

O que é mais difícil no Brasil: ser argentino ou empresário? Ser argentino hoje em dia nem é mais uma questão. Escolhi ser brasileiro, tenho dupla cidadania. Sou mais brasileiro que muito cabra que conheço... Ser empresário no Brasil tem a burocracia pesada, a dificuldade de acesso à tecnologia, tudo isso. Por outro lado, tem um mercado foda, um monte de coisas que ninguém fez. Vai no Brooklyn montar mais um café... Fodeu, já tem 30 cafés diferentes. Aqui, não.

Você tinha sotaque quando chegou? Tinha, meu primeiro idioma foi lá na Argentina, me confundia muito no português. Minha mãe fala que fiquei uns anos mudo quando cheguei ao Brasil. Só voltei a falar com uns 5 anos.

Era zoado na escola? Mano, eu era o argentino bobão. Meu número no colégio era 24, foda... Era péssimo em esporte, nunca tinha treinado. Nasci com os calcanhares esmigalhados, não andava direito. Usava aquelas botas ortopédicas pesadonas, sentia muita dor. Tive que colocar pino de platina.

Com quantos anos? Uns 12, não podia ser operado antes porque meu pé estava crescendo. Fiquei dois anos em recuperação, na cadeira de rodas. Também não cortava o cabelo direito, minha mãe achava lindo meu cabelo de cuia... E ainda era cu de ferro, sempre fui o melhor aluno ou estava entre os cinco melhores.

Apanhava no colégio? Levava tanto cascudo que parei de ir pro recreio e ia pra biblioteca. Em cinco anos li toda a enciclopédia Conhecer, a coleção Os Bichos, Asterix, Tintim.

Quando começou a devolver? Ah, mais tarde. Uma hora você cansa de apanhar. Como já tinha apanhado muito, tinha uma vantagem: não tinha medo de apanhar. Quem batia muito não tava acostumado a apanhar. Era uma vantagem minha... Não sei se tô romantizando, mas sempre tive a impressão de ser underdog. Não fui fazer pós, mestrado ou doutorado à toa: foi porque a imagem que tinha de mim mesmo foi deformada pela minha [baixa] autoestima. Sempre me vi menor do que aquilo que fazia. Até hoje, acho tudo uma paspalhada. Na minha cabeça, como botequeiro, sou um dealer legitimado pelo estado.

 ''A noite é um outro mundo. Você é um office boy, mas na noite se veste de mulher, tem outro cacife social. São Paulo, superconservadora de dia, berço do malufismo, é libertária pra caralho à noite''

Gil Inoue

Quebrando tudo no antigo Aeroanta, casa de shows ícone dos anos 80 e um de seus novos projetos

Quebrando tudo no antigo Aeroanta, casa de shows ícone dos anos 80 e um de seus novos projetos

Por vender álcool? Não é moralismo? Não é uma questão moral, é ética mesmo. O álcool é uma droga, tenho amigos que mascaram a dependência indo beber na boate... Por mais que eu possa ter a melhor infraestrutura, recupere um símbolo de identidade paulistana, a papagaiada que for: no final das contas, vendo álcool.

Seu maior faturamento vem da bebida? É, no final das contas é isso que tô vendendo. Tudo bem, no Riviera vendo álcool e comida. No Joia vendo só álcool, às vezes a bilheteria equilibra o custo do artista, o lucro vem do álcool.

O que incomoda no álcool: ser legitimado pelo Estado ou ser uma droga? Ser uma droga, não. Cada um escolhe seu veneno, poison of your choice. Me incomoda é participar dessa indústria... Uma vez me encontrei com o presidente global de uma marca de vodca. Vem um gringo pra São Paulo, os caras me chamam pra conversar sobre o mercado. Sou aquela membrana do underground possível pra uma corporação...

O cara se sente seguro. Exatamente, sou limpinho. O gringo falou: “Você trabalha com noite, é tão glamoroso, as pessoas estão sempre celebrando a vida”. Truta, onde você esteve?! Boate não é necessariamente o lugar mais feliz do mundo. Ao mesmo tempo, cumpre uma função superimportante, de escapismo. Então, tenho uma relação meio tensa com vender álcool, esse álcool coberto por uma camada dourada.

O que bebe quando sai à noite? Água, nem energético bebo mais. Não bebo álcool e também não gosto de refrigerante.

Você nunca bebeu? Devo ter tomado uns dois porres na vida. Como comecei tarde minha vida social, passei longe dessa afirmação da hombridade pelo álcool. Tentava beber, botava um pouquinho de vodca e enchia de Fanta, mas não suportava o gosto do álcool.

Qual foi a última vez que bebeu? Anos 90, num porre com uns amigos de infância... O banheiro do bar era muito podre. Acordei todo mijado, abraçado a uma latrina. Sou incompatível com o efeito e o sabor do álcool, do ponto de vista organoléptico mesmo.

E outras drogas? Nunca tive uma relação muito forte com droga. Tenho medo de me prejudicar fisiologicamente, de impactar meu cérebro, meu poder de processamento. Uso cannabis pontualmente. Reservo a velhice para o consumo de entorpecentes. Nos meus 60 anos, vou me drogar todo santo dia [risos].

Por quê? Não é comédia, acho que as drogas são consumidas no momento errado das nossas vidas.

O que planeja usar? Anfetaminas, porque acho que vou precisar de uma carga extra de energia. Ácido, ecstasy. Quando você é jovem, a vida já te apresenta muita chance de experimentar outras sensações, sem drogas. Quando a vida vai ficando mais entediante, a droga é uma ótima maneira de se livrar do peso da velhice.

O que já experimentou? Experimentei tudo uma vez: ecstasy, maconha, ácido, cocaína, mescalina, ópio, heroína…

Como foi com heroína? Injetando e dando tiro, mas foram poucas vezes. O problema é que dissolve seu ego, ao ponto de você deixar de existir como indivíduo. Me lembro que dei um shot de he- roína e por pouquíssimo tempo fui uma almofada, de um jeito muito bizarro... O [filósofo Félix] Guattari e o [Gilles] Deleuze falavam dos devires, da capacida- de de você ter uma alteridade dentro de si mesmo. Quando tomei Bentyl, um xarope, me lembro que virei um gato, fiquei de quatro miando a noite inteira.

Tô com medo de perguntar o que você virou quando tomou ácido. Tomei ácido uma vez no show do AC/DC, foi uma merda. Porque tem a droga e a circunstância... Um dos poucos preconceitos que tenho na vida é com a cocaína, acho uma droga horrorosa.

Por quê? É uma droga produtiva. Não cria uma alteração de consciência, você reforça quem você é. E você tá reforçando o tráfico, os fabricantes de arma, todo esse círculo vicioso que passa pela ilegalidade. Acontece com qualquer substância proibi- da, mas com a cocaína é em maior escala.

A solução é legalizar as drogas? Legalização geral. Não sei de que maneira... Impedir a busca por um alterador de consciência é impossível. E a ilegalidade só cria um regime de controle de negros e pobres. Droga é ilegal um pouco também por causa desse mecanismo de controle.

Seu mestrado fala da resistência à sociedade de controle. Tava preocupado com o seguinte. A resistência no século 19 passava pela sabotagem, jogar tamanco na linha de produção... No século 20, pela revolução. Por onde passaria no século 21? Quando a internet apareceu, era aquela coisa utópica. Quando escrevi a tese, dez anos atrás, já falava: não, se a internet tem uma origem no Estado, se foi apropriada pelo Estado, o controle vai ser do Estado.

"Tomei ácido uma vez no show do AC/DC, foi uma merda. Um dos poucos preconceitos que tenho na vida é com cocaína, acho uma droga horrorosa"

Sofria preconceito no mestrado? Não sei se preconceito, mas não me levavam mui- to a sério. E tudo bem. Meu mestrado afetou profundamente a maneira como eu ve- jo o mundo. Você não sai incólume quando entra em contato com Deleuze, Foucault, Nietzsche ou, sei lá, Clastres... É um pensamento muito vivo, muito potente. Tem um esgarçamento da sua visão de mundo.

Depois você ainda faria doutorado. Pra que fui fazer doutorado? Pra porra nenhu- ma, até hoje não fui buscar meu diploma. Fiz pra provar pra mim mesmo que podia, pra me sentir menos imbecil, menos bur- ro. Por que abri sete boates, e vou abrir mais dez lugares? Pensa, vou ter que lidar com essa parada toda pelo resto da minha vida, vai ser minha maldição. Hoje tô bem, abrindo um monte de lugares, recebendo atenção... Daqui a 20 anos, malandro, vou desmontar tudo isso, e ninguém vai estar aqui pra me ajudar. E vai ser duro, quanto mais você cresce, maior o tombo. Pode ser que eu leve um puta tombo, pode ser que tenha um final feliz...

O que pensa em fazer quando parar? Dar aula, se tiver dinheiro suficiente para sobreviver com salário de professor.

Carreira universitária? Não tenho paciência pra dar aula pra gente que está entediada, fingindo que tá te ouvindo. Penso em voltar a dar aula, tive muito prazer nisso durante bastante tempo. 

Dava aula de quê? De redação pré-vestibular, na PUC. Era meio social, a gente cobrava dois blocos de sulfite de alunos que não podiam pagar o cursinho, conseguimos convênio com a xerox da universidade pra imprimir as apostilas. Foram uns quatro, cinco anos. Já era dono do Vegas.

Dono de boate e professor. Trabalhava à noite, chegava às 7 da manhã pra dar aula até 4 da tarde. Não aguentava, minha saúde começou a detonar. Uns anos depois, quando já tava com o Lions, também dei aula de alfabetização para adultos por dois anos.

O que te interessava nessas aulas? Essa relação entre professor e alunos de mundos completamente diferentes é muito rica. Você aprende pra caralho, e não tô jogando chavão. Você começa a medir a sua realidade como uma cota da realidade do outro, você se sente mais afortunado porque tem acesso às coisas...

O paulistano tá mais orgulhoso de São Paulo? Tá ficando. Carioca bate no peito, gaúcho é quase separatista... Paulistano nunca teve orgulho da cidade. Sempre teve uma relação de extrativismo. “Vou fazer minha vida e fujo quando tiver 40 anos.” Agora a gente tá criando amor pela cidade de São Paulo.

Como é viver de entretenimento numa cidade que só pensa em trabalho? O entretenimento é proporcional ao trabalho. Onde se trabalha muito, se festeja muito. E a gente trabalha pra caralho. Precisamos escapar da vida modorrenta, do trânsito, da violência. Não sou eu que digo, é a imprensa gringa: São Paulo tem uma das maiores noites do mundo.

''Tô superpotente, com aquela energia de jovem-leão-velho. É a hora da marretada, então vou marretar até me estraçalhar. Tô vivendo uma vida foda. Tô com uma mão muito boa"

Quantas vezes por semana você sai à noite? Saio uma vez por mês, se muito. Ba- sicamente, pra ver show. Acordo às 8 e vou dormir 11, meia-noite no máximo.

E quem cuida das suas casas noturnas? Pessoas em que confio, meus sócios... Minha função não é mais ficar na operação.

Como saber o que funciona à noite sem sair? Acompanho tudo pelas redes so- ciais. Um amigo vai numa festa e vejo o line-up, as fotos do espaço, ouço o podcast. As redes me libertaram da necessidade de estar no lugar. Mas, como nunca olhei mui- to para a concorrência, o que o vizinho tá fazendo não me importa muito.

Por que a noite é especial? A noite é um outro mundo. Ela te permite ser um ou- tro, exercer outro papel. Você é um office boy, mas na noite se veste de mulher, tem outro cacife social. É muito estra- nho: São Paulo, que é superconservadora de dia, berço do malufismo, é libertária pra caralho à noite. Essa tensão entre dia e noite faz São Paulo vibrar como nenhuma outra cidade no mundo.

Tem uma Parada Gay gigante e, ao mesmo tempo, o cara apanha na Pau-lista por ser gay. Acho até obsoleto ficar falando de opção sexual das pessoas, di-zer “sou hétero” ou “sou gay”... É um me- canismo de compartimentação. No meu microcosmo, a sexualidade não importa mais. Eu não me importo mais, mas já foi um tema pra mim.

Se preocupava em ser visto como gay? Sou hétero, mas tenho um clube gay. Sempre gostei das festas gays. A música é melhor, o ambiente, mais festivo. Conheço mais gays que héteros: são meus amigos, meus sócios, os padrinhos da minha filha.

Recebe muita cantada de homem? Muito mais do que de mulher. Tudo bem, lido da mesma maneira.

Já teve vontade de ter uma experiência gay? Não, porque tenho pavor de homem. Não tenho nenhuma atração pelo macho arquetípico, pelo corpo do homem.

Pavor não é meio extremo? [Ri] Hummm, pode falar: “Ih, é gay, escorregou no quiabo!”. Não gosto do corpo do homem, ao mesmo tempo cumprimento meus amigos com beijo no rosto, abraço, dou tapa na bunda, não tenho nenhum problema... Mas a ideia do pinto me causa uma certa repugnância. Quando soube que teria uma filha, parecia que tinham me falado que eu tava curado de um câncer.

"Acho obsoleto ficar falando de opção sexual, dizer 'sou gay'. É um mecanismo de compartimentação. No meu microcosmo, a sexualidade não importa mais. Eu não me importo mais"

Como assim? Porque não teria que lidar com homem desde o começo. Homem é violento, predador. São características mi- nhas, reconheço, e são incômodas. Preciso de suavidade do outro lado. Não quero ter que lidar com outro homem: é sempre um duelo de alces, medindo forças.

Você é competitivo? Sou, mas todo mun- do que vive em São Paulo é, senão você não sobrevive. São Paulo não permite que você seja hippie.

E hipster? Aí ela te abraça. [Ri] Se você não tem um pouco de violência dentro de si, como sobrevive em São Paulo? Não dá, é uma cidade cruel nesse sentido.

Incomoda ser chamado de hipster? Sou o tiozão dos hipsters! [Risos] Fui no casamento do Pat Mahoney, do LCD Soundsystem, quer coisa mais hipster que isso? O hipster virou uma grande caricatura. Qualquer coisa é hipster. O cara resolve mexer na própria moto: hipster. Resolve ter barba: hipster.^^~-_-

Você se identifica? Se a pessoa precisa dessa categoria, vou fazer o quê? Não me ofende. Também não vai mudar as coisas de que gosto.

Você também é competitivo com seus amigos? Não, com meus amigos, não. Também porque tenho uma visão muito minúscula daquilo que faço. Tô fazendo uma obra, não tô fazendo um clube. Então a minha relação é um pouco como um peão ou empreiteiro de obra. Hoje nem cuido tanto de obra, mas até o Cine Joia cheguei a dormir na obra. É foda, você coloca pra fora uma parte tua. É meio como escrever um livro... Hum, tô falando besteira.

Mas seus lugares têm mesmo uma narrativa: o Lions montado como um clube de cavalheiros, o Yatch naquele clima gay- Querelle, o Riviera olhando pra própria história... Você cria os conceitos? Sim, crio a armação. Mas depois vem cenógrafo, arquiteto, meus sócios. Os projetos dificil- mente têm autoria... No momento que você coloca alguma coisa pra fora, vai ser julga- do. Tem gente que odeia o que eu faço.

Por quê? Ah, me julgam o Eike Batista da boate. Acho engraçadíssimo. Ah, beleza, você faz melhor? Pelo menos tô produzin- do, fazendo coisas. Tenho muito preguiça de pit bull de lan house. Mas não consigo resistir, eu bato boca.

Discute com comentarista de internet? Sei que tô errado... É que tenho uma questão com a covardia. Se olhar nos meus olhos e disser “Você é o Eike Batista da bo- ate”, vou dar a minha opinião: o Riviera ia virar uma Drogasil, o que seria melhor? Se a gente divergir, beleza. Agora, fazer isso pelo Facebook é muito baixo.

Você conhecia esse cara? Conhecia, mas viramos desafetos. Engraçado é que trombei esse cara do Facebook no super- mercado, no dia de Natal. Fiquei dando com o carrinho no calcanhar dele, e fa- lei: “Você é meu Chester hoje, fala aqui na minha cara”. Um cara que faz crítica no Facebook e quase chora quando te encontra... Vai usar fralda! Não consigo baixar a cabeça. É bom ter uns inimigos, não preciso ser unanimidade.

Pra que serve inimigo? Se for bem esco- lhido, pra medir potência com você. Um bom inimigo você respeita tanto ou mais do que um amigo. É teu antípoda, teu nêmesis. Meu sobrenome não é Guerra à toa. Sobrenome é uma sentença.

Qual foi a última vez que você brigou? Foi este ano. Tava no Belvedere Trianon, e tinha um ponto de crack ali dentro. Quando a GCM [Guarda Civil Metropolitana] veio para limpar a turma, eu, humanista do caralho, falei: “Calma, são dependentes, deixa eu conversar com os caras”.

Como foi? Aí conheci o Carioca, o dono da boca. Ele tinha acabado de sair da prisão. Chegou pra mim trincado, sem ca- misa, rosto comido: “Tenho seis [assassinatos] comigo, você é meu sétimo”. Faço boxe, não tenho medo de muita coisa, mas fiquei com medo. Comecei a andar com taser, estilete, tenho aquela carteira que abre e vira uma faquinha.

Ia armado mesmo? Vou até hoje.

Chegou a sair na mão com o cara? Não, mas tive um confronto: “Porque tá falando que vai me pegar por trás? Vem”. Não chegou a descambar, provavelmente o cara ia me estraçalhar. Prefiro resolver tudo no campo das ideias, me sinto mais confortável ali. Mas tem figuras com quem a troca de sopapos acaba sendo uma forma de comunicação. Se o cara me leva para esse lugar, aceito. Já aconteceu na boate... As pessoas ficam selvagens com álcool.

O que houve? Pisei no pé do cara e pedi desculpa. Ele falou “desculpa o caralho, sai andando”. Não vou sair andando. Aí o cara me dá um soco na orelha! Prefiro perder todos os dentes da boca do que perder es-sa ideia obsoleta que tenho de honra.

Como terminou? Com o cara sendo arrastado pelo chão do Vegas, como se fosse um trapo sujo. Com testemunhas. Tem esses momentos de explosão, mas já parei. Não vai me colocar como um cara violento, que sai brigando a torto e a direito, pelo amor de Deus! Mas se a coisa descamba pra esse lado…

"Sou o tiozão dos hipsters! [Risos] Fui no casamento do Pat Mahoney, do LCD soundsystem, quer coisa mais hipster? Qualquer coisa hoje é hipster. O cara resolve ter barba: hipster" 

Chamar um segurança não seria melhor? Ah, não. Não chamo ninguém pra fazer meu trabalho sujo. O cara não é meu segurança, é um segurança patrimonial... O cara não pode fazer o que quiser, ele tem que encontrar um obstáculo à sua violência. Tá no campo da ética: não inva- de meu espaço.

Já passou perto da morte? Uma vez levei uns tiros. Não me acertaram. Tinha uns 20 e poucos anos, foi um desentendimen- to numa festa, saí do prédio. Não sei se o cara tinha uma arma no carro, só sei que voltou. Ainda bem que não era um atirador experiente. Eu tava subindo na moto, deu três tiros. Você ouve aqueles silvos perto. Aí eu olhei, o cara me olhou... Acho que ele continuou apertando [o gatilho], mas não aconteceu mais nada.

Briga de festa. Um empurrão, não foi mur- ro, não. Nem prestei queixa, e pouquíssi- mas vezes falei disso. Teve outra vez um acidente feio de moto, que eu deveria ter desaparecido. Fui projetado por uns 15 me- tros, meu capacete chegou a rachar. Não aconteceu nada comigo, nem um roxinho. Me lembro do corpo no vazio, girando três vezes no ar e caindo feito ovo frito no chão.

Usa moto no dia a dia? Não fosse pela moto, eu teria outra relação com a cidade. O carro te fecha numa bolha e te isola da cidade, você olha pra cima e vê o teto. Na moto, vê os prédios. Pelos menos uns três lugares já achei de moto, o Joia, o Lions, o próprio Riviera... Se vejo uma placa de “aluga-se” de carro, comovou parar no trânsito? Não para. De moto, paro, entro, fuço.

Qual sua moto?É uma BMW RnineT, 1200 cilindradas. A primeira moto que compro em dez anos. Pô, tenho uma fi- lha, minha moto tava sem freio! Preci- so de um ABS. É uma moto de 50 paus, financiada, tá tudo certo.

Com a filha, Pina, e suas tatuagens de veia à mostra

Com a filha, Pina, e suas tatuagens de veia à mostra

 "Não gosto da ideia de morte lenta. O suicídio é uma ideia linda, a maneira como Hemingway morreu: um tiro de escopeta de caçar elefante e pronto, desmaterializou sua cabeça"

Você queria ter filho? Queria, mas não tinha planejado. Quando tive a Pina [há dois anos, com a companheira Vanessa Rozan], tava montando o Yacht e o Lions, tinha uma dívida de R$ 2 milhões e faltavam dois me- ses pra entregar minha tese de doutorado, que tava no primeiro capítulo.

Como sua filha mudou sua vida? Ah, dá uma consciência meio ilusória de permanência, de transcendência da morte. E uma preocupação de manter o sobreno- me limpo, pra ela herdar. Você começa a se preocupar com a memória que você vai deixar pro teu rebento. Você não é nada mais que um exemplo... Tive uma reação completamente louca, comi a pla- centa da minha filha.

Que gosto tem? De carne humana. Quan- do você vai conseguir quebrar o tabu do canibalismo se não for com a placenta?

Tem uma onda meio hippie de comer placenta, né? Não sabia... Foi bizarro. A Pina nasceu na água, e o cara cortou a placenta e me deu num saquinho. Que porra faço com isso? Ele disse: “Bota numa árvore e agradece aos céus por sua filha ter nascido saudável”. Saí com a placenta num saquinho de supermercado. Cheguei em casa e coloquei no freezer. Dois dias depois, a Pina chorando a noite inteira, acordo de manhã, pego a placenta, pico em cubinhos, misturo com um monte de frutas vermelhas e bato no liquidificador. Foi muito instintivo. Tomava todos os dias de manhã, colocava no suco.

Você se considera excêntrico? Engraçado, nessa coisa de excêntrico tem uma questão social muito forte. Po- bre nunca é excêntrico, pobre é louco. O excêntrico é sempre o rico [risos].

Tem que poder pagar a análise pra ser excêntrico. Devo ser, todo mundo é ex- cêntrico visto de perto. Tem gente muito mais estranha que eu, que se esforça pra isso. Sei lá, acho fazer botox excêntrico pra caralho! Tem coisas que me trazem prazer estético, intelectual. Nem sei se a taxidermia é excêntrica, colecionar coisas estranhas virou norma. Se isso é mórbido, se isso é diferente...

As pessoas costumam deixar bicho morto na geladeira, você deixa na sala sua coleção de animais empalhados. O que é a morte? Vida e morte são proces- sos químicos. A morte é uma transfor- mação. Não em alma, mas em verme, planta, carbono, hidrogênio. Pra mim taxidermia tem a ver com um prolonga- mento da vida, não com a morte.

Muita gente se dá conta da morte ali pelos 40 anos... A morte começa aos 40 anos, fica mais palpável. Envelhecer é pra macho, respeito muito quem consegue envelhecer bem. Na noite do meu aniver- sário de 40 anos, vomitei sem parar.

O que causou tanto incômodo? A concretização e materialização do fim. Fazia uns 15 anos que não vomitava. Me depa- rei com o fim físico. Parece que comecei a sentir o processo de decadência quase em nível celular... Não gosto da ideia de morte lenta. O suicídio ativo é uma ideia linda, a maneira como Hemingway mor- reu: um tiro de escopeta de caçar elefan- te e pronto, desmaterializou sua cabeça.

Suicídio é uma ideia que tá na sua cabeça? É um direito fundamental. A so- ciedade valoriza a vida o tempo inteiro, a biopolítica. Você tem que prolongar tua vida... Se você é vítima de um cân- cer terminal, que conforto vai ter pro- longando um sofrimento que não tem nada a ver com o que você viveu?

Por que resolveu tatuar sua própria veia? Na época do doutorado, li um texto do Deleuze que falava “o mais profundo é a pele”. Essa porra virou meio que um TOC, ficou ricocheteando no meu crânio quase um ano. O mais profundo é a pele, o mais profundo é a pele…

O que te pegou nela? Tenho terror à trans- cendência, à crença em alguma coisa abs- trata. Pra mim, o que os sentidos capturam já é complexo demais. Sempre fui alérgi- co a qualquer coisa tipo “um deus maior governa o mundo”. “O mais profundo é a pele” resumia tudo em que eu acreditava.

Pra encerrar: agora é sexta-feira à noite, o que você vai fazer? Responder e-mails, tenho uns 30 pra agora. E 20 mensagens do WhatsApp. E mais quatro chamadas.

Tá começando o expediente? De certa forma não interrompe nunca, lazer e tra- balho andam juntos. Essa é a tristeza do empresário da noite.

Pitty: A maior expoente do rock nacional da atualidade

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Ela é a maior representante do rock brasileiro contemporâneo e, depois de um hiato de cinco anos, acaba de lançar seu quarto álbum de canções inéditas, o Setevidas. Pitty conversa com o programa sobre o disco novo, processo criativo, rock’n’roll, tatuagem e hipotireoidismo, doença que mudou seu corpo: “No final das contas os revezes servem para alguma coisa”.

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