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Ricardo Amorim no Trip FM

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Ricardo Amorim no Trip FM

Ricardo Amorim no Trip FM.


Nosso convidado da semana é Ricardo Amorim, economista, apresentador do programa Manhattan Connection, da Globo News, colunista da revista Isto É e há mais de duas décadas se dedica a estudar e analisar o mercado financeiro.

Neste momento eleitoral, de propaganda política, todo mundo quebrando a cabeça pra descobrir qual candidato é o menos pior, qual deles tem um plano de governo minimamente esboçado, Ricardo dá uma geral na saúde econômica brasileira e comenta algumas das questões políticas mais urgentes do nosso país.


Set:

Silvia Machete - Espetáculo

Al Green - Take me to the River

Black Seeds - One by One

Two Door Cinema Club - Sun

Stephane San Juan - Ô Chance


O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz


Nathália Rodrigues no Trip FM

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Divulgação

Nathália Rodrigues

Nathália Rodrigues

 

Ela é uma talentosa atriz de teatro e televisão, além de ser dona de uma beleza magnetizante. Nascida em Bariri e criada em São Paulo, sua trajetória profissional começou ainda na infância, na década de 80, no programa Show Maravilha, do SBT.

Na adolescência foi modelo, estudou teatro, se formou na EAD, a Escola de Artes Dramáticas da USP, e voltou à televisão em 2002, na novela da Rede Globo Desejos de Mulher.

Entre 2005 e 2010 teve um a passagem pela Rede Record e em 2011 voltou à Globo, onde estrelou as novelasInsensato Coração, Gabriela e, mais recentemente, Amor à Vida.

O papo hoje aqui no Trip é com a incrível Nathália Rodrigues, que atualmente está na série A Segunda Vez, lá no Multishow, onde atua ao lado do Marcos Palmeira, e também no teatro, que é um espaço onde ela trabalha bastante, neste momento na maravilhosa peça Caros Ouvintes, espetáculo que está em cartaz lá no MASP e que trata da chegada da televisão ao Brasil sob a ótica dos atores das rádionovelas, produto que foi dizimado com a chegada da nova tecnologia ao país.

A Nathália que, diga-se de passagem, nos deu a honra de ser nossa Trip Girl no longínquo ano de 2003, vale a pena relembrar o ensaio.

O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Lázaro Ramos dispara: E eu, que só faço preto?!

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No episódio desta semana o Trip TV entrevista um dos mais talentosos e simpáticos atores brasileiros, Lázaro Ramos, que fala sobre sua família, seus filmes, vaidade, política brasileira e preconceito: "Teve um dia que Waguinho (Wagner Moura) chegou pra mim e disse: 'Pô, Lazinho, estou meio incomodado. Só me chamam pra fazer bandido e nordestino'. Daí eu falei: 'Ô, meu filho, pelo menos você tem dois. E eu que só faço preto?!'". 

Alexandra Loras é consulesa da França no Brasil. Dona Jacira é mãe do rapper Emicida e nasceu e viveu toda sua vida na periferia de São Paulo. Samira Carvalho é uma modelo internacional. Em um momento em que o crime de racismo, infelizmente, volta a atormentar os estádios de futebol do Brasil, o Trip TV convidou esse time de mulheres interessantes, de diferentes origens, para discutir o preconceito. 

O programa também vai até Berlim conversar com o cineasta Juliano Salgado. Em parceria com o documentarista e diretor alemão Wim Wenders, Juliano fala sobre seu recém-lançado filme O sal da terra, um longa-metragem que conta a história de seu pai, um dos mais consagrados fotógrafos do mundo, Sebastião Salgado. 

E o Trip TV também conversa com o guitarrista, escritor e fundador dos Titãs Tony Bellotto. Tony revela o segredo do sucesso de seu casamento com a atriz Mallu Mader, fala sobre amizade, solidão, prisão e abre o jogo sobre sua posição com relação às drogas: "Eu tenho filhos adolescentes e fico muito preocupado. Eu já cheirei cocaína, mas hoje em dia eu fico com medo que meu filho cheire cocaína. Eu não quero que ele cheire".

Tadeu Jungle no Trip FM

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Tadeu Jungle

Tadeu Jungle

Nosso convidado de hoje é um multi-artista. Videomaker, fotógrafo, poeta, designer gráfico, produtor e diretor de cinema, TV e publicidade, Tadeu Jungle pensa conteúdo para televisão desde a década de 70.

Formado em Comunicação Social pela ECA, a Escola de Comunicação e Artes da USP, e pós-graduado em documentário pela San Francisco State University, ele foi um dos precursores da arte com vídeo no Brasil e criou em 1980 o TVDO (TV TUDO), um coletivo (pra usar um termo mais moderno) que explorava as novas possibilidades e formatos audiovisuais.

De lá para cá foram diversos trabalhos, entre eles o de apresentador do A Fábrica do Som, programa da TV Cultura que revelou no início dos anos 80 uma nova safra de músicos e compositores. Entre seus trabalhos mais recentes estão o filme Amanhã Nunca Mais, estrelado por Lázaro Ramos, Evoé, um documentário sobre o diretor de teatro Zé Celso Martinez, e o Amores Expressos, uma série sobre literatura, turismo e amor transmitida em 2011 pela TV Cultura. 

Tadeu vem aqui pra contar um pouco da sua trajetória, a evolução da televisão e do cinema no Brasil, horário político, novela, as novas formas de se assistir conteúdo audiovisual, sobre o impacto da internet na grade televisiva e mais um monte de coisa interessante no papo de hoje.

 

SET

Lee Fields -- Just Cant Win

Titas -- Televisão

Talisco -- Your Wish

Jethro Tull -- Mother Goose

Etta James -- Welcome to the Jungle

 

O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Bela Gil no Trip FM

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Bela Gil

Bela Gil

Ela é nutricionista, chef de cozinha e apresenta um programa de culinária na televisão que vem provando que comida saudável também pode ser saborosa. Filha de um dos maiores artistas da música brasileira em todos os tempos, ela se mandou aos 18 anos para os EUA para estudar inglês. Acabou ficando mais tempo do que planejava e, além da língua, estudou também Nutrição, na Hunter College, e Culinária Natural, na Gourmet Institute.

De volta ao Brasil depois de quase oito anos, ela surpreendeu a todos com a naturalidade e a desenvoltura com que comandou a primeira temporada do programa Bela Cozinha, transmitido no primeiro semestre de 2014 pelo canal GNT.

Se você gosta de culinária e televisão já deve ter percebido que o papo hoje aqui no TRIP FM é com a patroa do seu JP Demasi, a mãe da pequena Flor, a filha de Gilberto Gil, a bela e talentosa Isabela Giordano Gil Moreira, mais conhecida simplesmente como Bela Gil, que estreia no próximo dia 16 de setembro a segunda temporada da sua Bela Cozinha.

SET:

Russo Passapusso - Paraquedas

Lou Reed - Vicious

Artic Monkeys - Why'd You Only Call me When You're High

Shuggie Otis - Hurricane

GIlberto Gil - Vamos Fugir

 

O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Marcelo Serrado no Trip FM

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“Aqui é trabalho, meu filho” - A frase preferida de Muricy Ramalho, técnico do São Paulo Futebol Clube, define bem nosso convidado de hoje. Ator carioca, ele estreou na televisão em 1987, na novela Corpo Santo, na TV Manchete. No ano seguinte se mudou para Globo, onde trabalhou por quinze anos consecutivos. Em 2006, se mudou para a Record, onde protagonizou duas das novelas de maior sucesso da emissora, a Poder Paralelo e a Vidas Opostas.

De volta à Globo, em 2011 ele deu vida ao personagem Crodoaldo Valério, um mordomo figura que fez tanto sucesso na novela Fina Estampa, que ganhou um longa-metragem, o Super Crô – O Filme, lançado no cinema no ano passado. Paralelo ao trabalho na televisão, ele também se dedicou ao teatro e, atualmente, está levando aqui em São Paulo o espetáculo de comédia stand-up É o que Temos para Hoje, em cartaz no teatro Renaissance.

O papo no Trip FM é com Marcelo Serrado.

 

SET:

Eric Clapton - Cajun Moon

Canned Heat - Going Up the Country

The Smiths -There is a Light That Never Goes Out

Kings of Leon - Rock City

Alexandre Nero - Vendo a Vista 


O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Deborah Secco

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Desde os 8 anos, Deborah Secco acontece sob os holofotes. Como numa história que corresse paralela a sua própria história, suas personagens sempre estiverem um passo à frente. O primeiro beijo na vida real veio depois do beijo na ficção. O sexo existiu antes na novela. Aos 34 anos, a atriz segue estampando de maneira fatal nosso imaginário de capa de revista. Mas é possível falar com ela. Enquanto seu personagem posava para as fotos desta edição, Deborah Secco conversou com Trip. Assertiva, forte mas frágil, conhecedora de seus limites e de sua trajetória, a atriz cita aquela que chamou de "frase da sua vida": "Uma pessoa não é aquilo que quer, mas o que pode ser"

Deborah Secco

Deborah Secco

 

Ela se diz transformada por dois de seus papéis no cinema: uma garota de programa egressa da classe média, em Bruna Surfistinha, mais de 2 milhões de espectadores em 2011; e a soropositiva terminal Judite, de Boa sorte, estreia da diretora Carolina Jabor na ficção, a ser conferido nos cinemas a partir de novembro. Para viver este drama baseado em conto do cineasta Jorge Furtado, Deborah Secco perdeu 11 quilos.

Com todos eles de volta (e mais três adicionais), a atriz carioca teve pela frente novo papel principal, o de uma decadente apresentadora de programa infantil, em A estrada do diabo (ainda sem estreia definida), de André Moraes. “Um filme diferente de tudo. Um grupo de atores está fazendo um longa de baixo orçamento e meio que pira no método Fátima Toledo, não sabe mais o que é a realidade”, diverte-se.

A alusão à polêmica preparadora de elenco (de Pixote, Cidade de Deus e Tropa de elite), conhecida pela linha dura e busca por uma atuação realista custe o que custar, entra de modo bem-humorado na conversa testemunhada por uma mesa generosa, repleta de guloseimas, fraco confesso da anfitriã. No luxuoso apartamento de Deborah, em frente à praia da Barra da Tijuca, o cenário oceânico do Rio se comporta de maneira pouco usual durante as 2 horas de papo: relâmpagos, fortes ondas, chuva de granizo.

Habituada aos holofotes desde os 8 anos, a ex-estrela infantil faz psicoterapia há duas décadas. Desde 2004, depois de sofrer de um problema na tireoide, começou uma virada atlética à base de variada rotina de exercícios: após a entrevista, empolgada, faz questão de demonstrar energicamente seus movimentos de levantamento olímpico, também conhecido como halterofilismo. Solteira após dois casamentos (com o diretor de TV Rogério Gomes, entre 1997 e 2001, e o futebolista Roger Flores, de 2009 a 2013) e um relacionamento longo com Falcão, vocalista d’O Rappa, Deborah chega aos 34 anos sem fazer o tipo je ne regrette rien (não me arrependo de nada).

Ela não se orgulha de ter posado nua para a revista Playboy duas vezes, em 1999 e em 2002, exibindo o nu frontal que mesmo no ousado Bruna Surfistinha, por exemplo, não foi necessário. “Eu poderia ter feito teatro com Antunes Filho, virado uma atriz cool. Me questionei bastante sobre isso, mas precisava da estabilidade financeira, queria proporcionar coisas para a minha família”, conta a menina criada em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), em uma família de classe média – “baixa”, completa.

Na preparação para filmar Bruna Surfistinha, a menina que era “fragilzinha” e “fresquinha” (termos dela mesma) viveu por um mês entre garotas de programa. Moças estupradas pelos pais ou padrastos, que se drogavam para aliviar a dor, que lutavam para mandar dinheiro para filhos que mal viam. “Uma puta vida infeliz. Mas a capacidade delas de sobreviver me fez valorizar tudo que eu consegui. Uma delas me disse o que virou a frase da minha vida: ‘Deborah, ninguém é o que consegue ser. A gente é o que pode ser’. Apesar de todos os erros que cometi, dos tropeços que dei, estou superbem, tenho saúde, minha família está ótima. Vindo do lugar de onde venho, estou aqui, agora, neste apartamento”, pesa, expandindo o olhar para o belo céu encrespado.

Boa sorte, filme do qual (a exemplo de Bruna Surfistinha) Deborah é coprodutora associada, também colocou a estrela, que há dez anos tem contratos entre o primeiro time da Globo (e 20 anos de casa), no meio de mulheres com quase nada no horizonte. Visitou várias soropositivas terminais, tinha a ideia de fazer uma mulher “forte, guerreira”. Mas, ao conversar com o infectologista David Uip (atual secretário de Saúde de São Paulo), o primeiro a diagnosticar um caso de Aids no Brasil, descobriu outra chave para sua personagem. “Ele me disse que em todos os pacientes que acompanhou e viu morrer havia uma força construída na serenidade de aceitar a situação”, fala. 

Deborah tem um projeto em parceria com o diretor André Moraes já aprovado para a Gshow, braço de internet da TV Globo. “É para debater temas polêmicos, dizer não ao preconceito. Só poderia funcionar na web, porque na televisão sofreria censura”, adianta. Em breve, vai filmar, com Daniel Filho, em dois dias, Obra-prima, filme que “pretende quebrar paradigmas de distribuição no Brasil” (talvez seja exibido apenas on-line). Também tem se arriscado a escrever roteiros, desenvolvendo ideias com João Falcão e Zé Henrique Fonseca. “A minha expectativa agora é arriscar, fazer o que não sei se vai dar certo. Como me disse a Fernandona [Fernanda Montenegro, que vive a avó de sua personagem em Boa sorte], antes de uma cena: ‘Minha filha, a gente nunca vai saber se está fazendo direito’. Aquilo me deu uma calma pra vida.” Deborah diz que sua religião são “seus atos”, mas, por via das dúvidas, ligou para a mãe depois de filmar com a veterana. “Vamos numa igreja agradecer.”

 

 "Aprendemos com a minha mãe a não depender de homem: não se venda por nada, seja dona da sua vida, você é quem manda, você pode, você faz"

 

Em algum momento você pensou em ser outra coisa que não atriz? Não tenho lembrança da minha vida sem ser atriz. Nasci sabendo que seria atriz. Escrevi uma peça aos 5 anos, O arco-íris sem cor. Não foi só o texto, eu tinha todos os figurinos desenhados. Minha mãe conta que eu brincava de chorar, de rir, brincava que tinha perdido a memória, chegava no colégio sempre com uma personalidade diferente. Numa dessas brincadeiras, tipo  adedanha, vinha a pergunta: “Atriz com a letra D”. Eu respondia: “Deborah Secco”. Daí diziam: “Não valeeeee! Você ainda não é atriz”. E eu reagia: “Sou atriz, sim!”. Tracei minhas metas ainda menina: com 25 anos vou ser protagonista de novela da Globo, com 50 eu ganho o Oscar. Aos 24, um mês antes de fazer 25, o meu nome veio antes do de todos em América, novela das 8. Agora, o Oscar... [risos]. Sempre achei que tudo ia dar muito certo. Eu tinha um acordo com meu pai que, se eu tirasse menos de oito em alguma matéria da escola, pararia com o que ele chamava de “brincadeira”. Para mim, não era brincadeira. Era o meu trabalho, a minha vida. Desde os 8 anos passei a ganhar dinheiro com a profissão. Quando fazia o seriado Confissões de adolescente [na TV Cultura, em 1994, aos 14 anos], fiquei três meses sem ir às aulas, e combinei na escola que poderiam exigir 7,5 de média, mas que não me reprovariam por falta. Eu já tinha como meta os oito para o meu pai mesmo...

Seus pais se separaram quando você tinha 12 anos, você foi criada pela sua mãe. O ambiente na sua casa era feminista? Meu pai se casou de novo e foi se distanciando de nós. Meu irmão ficou dois anos com ele, só depois é que veio morar conosco. Então, no começo, éramos minha irmã, minha madrinha, minha mãe e eu. Sempre senti falta de um homem protetor, uma figura paterna. Mas minha mãe [Sílvia] nos criou – eu e minha irmã, Bárbara, – para sermos a mulher que ela não foi. E criou meu irmão para ser o marido que ela não teve. Minha irmã hoje é advogada bem-sucedida, com escritório que atende grandes empresas. Aprendemos com a minha mãe a não depender de homem: não se venda por nada, seja dona da sua vida, você é quem manda, você pode, você faz. Para o meu irmão, a lição era: não pode ficar o dia inteiro fora trabalhando, tem que ver sua mulher, seus filhos. E ele de fato prefere ganhar menos e ter tempo para levar o filho para o judô, é aquele marido que chega cedo e espera a mulher com o jantar pronto.

 

"No primeiro nu que precisei fazer, fiquei chorando o tempo todo. Tremia, não conseguia. O Daniel Filho, que me dirigiu no Confissões de adolescentes, e foi como um pai para mim, me disse: 'Vamos para a análise. Botar pra fora suas angústias.'"

 

Ela sempre foi dona de casa? Minha mãe não tem profissão, sempre foi mãe. Acho que é a profissão mais difícil que existe. Com três filhos, então, ela vivia em função da gente. Meu irmão era nadador, treinava 8 horas por dia. Acordava às 4 da manhã pra ir de Jacarepaguá (zona oeste do Rio) para o Fundão (Ilha do Governador, zona norte). Ela ia e voltava para levar a gente para o colégio, depois buscava. Ela brincava dizendo que era nossa chofer. Mas fez toda a diferença na nossa vida. Ela ficava na janela do balé gritando “é a melhor”, “linda” – mesmo eu não sendo. Levava meu irmão em todas as competições, ficava na beira da piscina com um chocolatinho na mão gritando “vai!” Tudo que ela fez por mim, fez por eles. Minha irmã também era do esporte: natação, tênis, vôlei.

Você teve uma outra irmã, mais velha, que morreu na infância. Eu tinha 1 ano e meio, ela tinha 5. Erro médico, ela teve alergia a um antibiótico, o médico não quis fazer logo a traqueostomia. E eu cresci com essa coisa de “a Deborah é doente, é fraquinha”. Tinha alergia a muita coisa. Entrava no mar, alergia a iodo; comia camarão, corre para o hospital. Hoje, tenho o maior orgulho de ser, dos meus irmãos, a atleta, a única que faz exercícios com um compromisso maior. Não só pela estética, mas por vencer os desafios que eu não conseguia. Fazer barra de um jeito que meu irmão não faz! Quando ganhei um pouco mais de dinheiro com o Confissões de adolescente fomos todos para a Disney. Na época, não andei em nenhuma montanha-russa, morria de medo, era toda fresquinha. Agora, há pouco tempo, voltei com meu irmão e minha sobrinha. Fui em todos os brinquedos, naquele Lex Luthor Drop of Doom, por exemplo, que é uma queda imensa [de 120 metros, a mais alta do mundo em parques de diversões]. Durante toda a infância fui a pobrezinha [risos]. E a mais feia. Meu irmão tem 1,93 metro, era muito bonito. Minha irmã tem 1,75 metro, e eu com meus 1,64 metro. Minha irmã ganhou corpo rápido, tem olhos verdes, cabelo loiro (depois escureceu). Eu sempre tive muita espinha, vergonha absoluta do meu corpo magrinho. Só fui aprender a andar de bicicleta há três anos. O meu instrutor falou: “É inadmissível. Você tem equilíbrio, fica em pé na bola de pilates, vai aprender!”.

Muitos talentos precoces sofrem na vida adulta em função da infância roubada pela profissão. Qual foi o impacto disso na sua trajetória? Eu não me queixo. Em Jacarepaguá, tinha pique, queimada, gato mia. Brincadeiras mais físicas que as das crianças de hoje. Eu tinha uma única boneca Barbie. Quando fui para os Estados Unidos pela primeira vez, com o dinheiro que ganhei, comprei 20 Barbies. Graças a Deus tive uma sobrinha para herdar todas. E pude brincar com ela tudo o que não brinquei na época. Meu pai era matemático, dava aulas em colégio para os melhores alunos, que estudavam muito para passar no IME [Instituto Militar de Engenharia] e no Ita [Instituto Tecnológico de Aeronáutica]. Ele me dava problemas de vestibular e eu, com 10 anos, resolvia pela lógica. Ele dizia que eu seria uma grande matemática. Ficava louco com essa coisa de eu querer ser atriz. Mas eu dizia: vou ser atriz de qualquer jeito. Se der tudo errado, vou ser atriz pobre, vou passar o chapeuzinho na praça. Eu fiz vestibular só para dar satisfação para eles, entrei em filosofia, na PUC-RJ. Passei, tranquei e falei: “Pai, meu compromisso com você foi até aqui. Tá bom assim”.

 

"Meu primeiro beijo veio antes na ficcção. As personagens viviam coisas antes de mim. Isso me machucava. O início dessa coisa da Deborah sexy foi muuuito doloroso"

 

O que você lia quando criança? Eu li O amor nos tempos do cólera com 9 anos. Pensei: “É isso que eu quero! Um amor que não dê certo, porque aí você vive a vida toda com aquilo, a expectativa. Imagina que chato arrumar um amor que dê certo logo aos 20 anos? Perde a graça”. Era uma coisa completamente louca e adiantada para a idade. Eu sempre falo que, em todas as minhas relações, tentei acreditar no príncipe encantado. Acho que assim fui levando adiante muitos relacionamentos. Como atriz, eu nem deveria falar isso, mas... Como espectadora, o que gosto mesmo é de Uma linda mulherGhost, Um dia, filme com a Anne Hathaway. Eu choro. Sempre gostei de histórias de amor, e fico pensando em vivê-las, claro. “Quando ela mente/ não sei se ela deveras sente/ o que mente pra mim” [versos de “Ela faz cinema”, de Chico Buarque] é o que mais me define nos relacionamentos. Eu falo pra mim mesma: “Não finge, Deborah, não finge”. Hoje eu tô trabalhando isso.

Que tipo de terapia você faz? Comecei a fazer análise com 18 anos. Tem ideias do Gurdjieff [1866-1949, místico armênio], eneagramas que ajudam a compor meus personagens. Comecei quando fiz uma novela, Suave veneno. Foi meu primeiro papel sexy. Eu não tinha a bagagem sexual que a personagem exigia e dei uma pirada. Tinha uma cena de dança que eu não conseguia fazer, o Daniel Filho cancelou a gravação até. No primeiro nu que precisei fazer, fiquei chorando o tempo todo, não conseguia. Tremia inteira, chorava e o Daniel, que foi um pai pra mim, que tinha me dirigido no Confissões de adolescente, me disse: “Vamos para a análise. Botar pra fora suas angústias, seus medos”. Na terapia, eu descobri que estava chorando porque ainda não tinha vivido aquilo. “Pô, para de roubar minha vida, ô, profissão!” Como no meu primeiro beijo... Meu primeiro beijo da vida real veio depois, um ano e meio depois, de eu ter beijado no teatro. E foi num curso, com o André Gonçalves. Lembro que pedi: “Dá beijo de língua, porque eu não
sei beijar e preciso aprender. Eu nunca beijei na vida real”. As personagens viviam as coisas antes de mim. Isso me machucava. O início dessa coisa da Deborah sexy foi muuuito doloroso. Virei sex symbol, mas não sabia nem transar.

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Mas você abraçou isso bem demais, ou pelo menos assim ficou parecendo... No início, eu vou te falar que fiquei muito feliz. “Ganhei da minha irmã!” [Risos.] Depois vi que aquilo, para a minha família, naquele momento, era muito... útil. Porque podia trazer uma estabilidade financeira, uma visibilidade maior. Mas chegou uma hora em que começou a ficar só aquilo, e vi que tinha que buscar outras coisas, mostrar que eu era... o oposto daquilo. Eu não me acho nada sensual. Sou uma supermulher, legal, bem-humorada, carinhosa. Mas sexy não seria um dos adjetivos. Essa coisa que o Daniel Filho me ensinou: “Nada da Deborah pode ser maior do que a personagem. A sua vergonha não pode ser maior que a personagem! Sua vaidade, seu medo... A Deborah fica no camarim! Quem vem pro set é a personagem”. E ele, com aquela coisa do pai: “Você vai ter que trabalhar isso. Fiz assim com a Glória Pires, com a Sônia Braga, com todas elas. Então você vai aprender também. Não é a sua ética, não é a sua moral que estão aqui!”. Com isso, aprendi mesmo. A minha vaidade não é maior que o meu trabalho. Tive que emagrecer 11 quilos para fazer o Boa sorte. As pessoas me olhavam na rua, nunca me viram tão feia. Fiquei trancada em casa, porque, nas poucas vezes em que apareci, dava problema. Depois engordei todos os 11 quilos perdidos e mais 3 para fazer A estrada do diabo. Nessa época, dezembro de 2013, apareci no Vídeo show e no Altas horas. Foi nota por um mês: “Deborah gorda!”.

Hoje você atua também como produtora executiva. Os homens ainda se assustam com mulheres poderosas, ricas, donas de si? Não sei, hoje acho que vejo os homens mais assustados com mulheres que querem tirar proveito material deles. Que querem se aproveitar de uma relação para ganhar dinheiro, patrimônio. É triste, mas tem mulher que está aí para isso, os caras têm razão de se sentir acuados. Diante de uma mulher que se banca, que se basta, esses homens não duvidam do amor, se sentem verdadeiramente amados. No meu caso, talvez o meu patamar financeiro possa intimidar quem está muito longe dele. Mas eu estou tão longe de ser o que eu tenho! Minha essência não é essa.

 

"Perdi a virgindade aos 18 anos. [...] Não sou o tipo de mulher que vai dar para um cara hoje sem pensar que amanhã a gente vai se falar e discutir o nome dos nossos filhos. Se não for assim, nem começa"

 

Você é religiosa? O que eu acredito... A minha religião é o que eu faço, é a minha prática no dia a dia. Como diz uma menina, doente terminal, que eu conheci na preparação para o Boa sorte: “Certeza, certeza de que tem outro lugar, eu não tenho, não! Então vamos aproveitar aqui. Se puder, Deborah, traz logo amanhã bolo e brigadeiro!” [Risos.] Ela falava isso como uma diversão! Agora, depois de ter trabalhado com a Fernandona [Fernanda Montenegro], eu liguei pra minha mãe e falei: “Vamos numa igreja pra agradecer”.

Você ficou famosa no Confissões de adolescente, era uma molecota. Agora, na recente adaptação do seriado para o cinema, viveu uma tia. Como se vê envelhecendo? É muito louco, porque a gente lembra de olhar para a nossa mãe com essa idade e achar velha. Mas, cara, me sinto começando a minha vida. Se a finitude não me interromper antes do esperado, quero envelhecer. Desejo arduamente as rugas, ficar com o cabelo branco, desejo ficar toda curvadinha. Porque só não fica quem morre antes! Eu tô no comecinho, sou muito disposta a encarar coisas novas, arriscar. Tem uma coisa que dizem de mim: “Ah, a Deborah namora e muda de personalidade, vira outra pessoa”. Não é que eu vire. Mas qualquer relação é feita de trocas. E eu sem preconceito me predisponho a conhecer tudo. Eu sou super diurna e quando namorei o Falcão me dispus a entrar nos horários dele. Vi que aquilo poderia me fazer bem de alguma maneira. Eu ia e depois determinava meu limite: vai você, e eu fico em casa lendo um livro.

Você disse outro dia numa entrevista: eu não quero ser uma celebridade. Como é a sua relação com esse universo? Eu acho que as celebridades deveriam ser cientistas, pessoas que inventaram coisas importantes, que fizeram trabalhos relevantes, transformações sociais. Essas são as pessoas que deveríamos seguir, observar, aprender. Eu, não. Não tenho essa importância. Tento dar uma humilde contribuição. No Boa sorte, a gente discute drogas, HIV, amor, finitude, temas fortes. Eu faço também uma peça, Mais uma vez amor, que mostra, entre outras coisas, a época dos confiscos no plano Collor, aparece a Zélia Cardoso de Mello. Depois, no camarim, os adolescentes perguntam quem era aquela mulher. Eu faço questão de explicar, falar para eles do confisco etc.

Mas você joga o jogo das celebridades, dá entrevistas para certo tipo de imprensa, participa como jurada do “Dança dos famosos”, até já quebrou duas costelas participando do quadro do Faustão... Ali, no programa, eu estou sendo leal a quem me ajudou, tenho gratidão à empresa que me contrata. Valorizo o tanto que me ajudaram e faço com prazer, além do profissionalismo. Em 20 anos, meu salário nunca atrasou, sempre foram corretos comigo. Me deram tempo para que eu me redescobrisse, para que eu fizesse outros projetos. Devo essa lealdade a eles quando precisam do meu lado celebridade. E também posso usar dessa condição na hora de sentar com uma empresa para pedir apoio a meus projetos, divulgar minha peça, meu filme. Esse equilíbrio é algo que busco, ainda estou amadurecendo. Eu hoje posso estar numa entrevista falando sobre certas coisas, mas procuro um limite. Estou aqui falando de uma Deborah que interessa às pessoas, mas não é a Deborah real. Eu posso dizer isso aqui [risos].

 

"Se um dia for necessário mostrar o peito e a bunda, ok, ele pertence à personagem. Se um dia for necessário  mostrar a vagina para contar uma história, eu vou mostrar. Desde que não seja algo gratuito"

 

Você falou do Mais uma vez amor, uma espécie de seu lado politizado. Quando e como foi que você tomou consciência das coisas da política nacional? Lá em casa era proibido levantar da mesa sem ler jornal. E não tinha essa de “não quero ler a parte de economia”. Aprendi muito viajando e vendo as desigualdades do Brasil. Eu tenho um projeto social, junto com a escritora Martha Medeiros, que leva dentistas e oculistas ao interior. Tem outro com ginecologistas. Usei meu lado celebridade pra conseguir apoio. E comecei a ir com uma van fazer o preventivo em mulheres que nunca tinham feito um preventivo na vida. Aí você vê que falta muita coisa mesmo para arrumar... Eu me disponho a ir lá, levar informação. E compreensão política de que uma cesta básica não é suficiente. Mas não levanto bandeira de nada na minha vida.

Você já foi elogiada publicamente pela Dilma... [Interrompendo.] Ela fez um elogio a Natalie, minha personagem na novela Insensato coração. Eu fiquei muito grata, como ficaria grata a qualquer elogio de qualquer brasileiro. 

Você vê um avanço na possibilidade de termos duas mulheres no segundo turno na eleição presidencial? Na questão política, eu não penso nisso, sabe? Eu quero um bom presidente, seja mulher, homem, branco, negro. Eu quero é alguém que, de verdade, faça pelo Brasil.

Nos seus relacionamentos, você sempre teve noção de igualdade, na base do “o que ele pode fazer, eu também posso”? Eu sempre procuro que seja assim, e não só nos meus relacionamentos amorosos. Não tem essa de que o homem é diferente. No relacionamento de igual para igual, o que o casal combinar, vale para os dois.

Você já deu uma declaração diferente sobre fidelidade, que ela não era essencial... Foram palavras distorcidas. Eu sempre falo que “o combinado não sai caro”. Já vi muitos relacionamentos em que a fidelidade não era algo essencial para ambas as partes... dar certo. Eu não saberia viver assim, mas super
-respeito quem topa. Eu de fato acho que amando alguém a gente não consegue. Eu vejo homem dizendo isso – homem acha isso até ver a mulher com outro. Mas vejo muitas pessoas vivendo assim, algumas bem, e respeito, até admiro, queria ter esse desprendimento, sabe? Mas acho que o amor ainda me torna egoísta. Até com amigo, às vezes sinto ciúme de amizade. Aquela coisa “puxa, minha amiga, tão minha amiga, e viajou com outra amiga!”

Você teve relacionamentos com dois homens de profissões que muitas veem como “de risco” no quesito fidelidade: músico, Falcão, e jogador de futebol, Roger. E também um diretor da Globo [Rogério Gomes, com quem foi casada de 1997 a 2001]. Ah, mas a gente não escolhe, né? O amor, ele acontece. Ele vem e me toca. Não importa o que a pessoa é: branca, negra, velha, nova, famosa, cantor, jogador. Eu vou ter que lidar com as consequências, assim como eles têm que lidar com as minhas questões. Então, até nisso, a gente vai trabalhando na igualdade [risos].

No filme Bruna Surfistinha, você aparece em cenas fortes, mas não há nu frontal. Houve questões contratuais, esse tipo de restrição? Olha, no começo, o contrato estava cheio de restrições. Aí eu fui viver
um mês com as meninas, as garotas de programa. Quando saí de lá, pensei: “Cara, eu não vou fazer Uma linda mulher, eu vou fazer o que eu tiver que fazer nesse filme”. Entendi que o que eu ganhei ali iria valer tudo. Fiz as cenas sem pensar. No final, na montagem, eu estava junto, e me preocupei em incluir todas as cenas necessárias para contar a história, sem a preocupação do que iria aparecer ou não. Queria causar o desconforto que senti vivendo aquela vida. Queria que os espectadores saíssem com uma sensação
estranha, pelo menos. Achava que eram muito mais fortes aquelas cenas de homens me pegando, me batendo, do que o nu, a perna aberta. A perna aberta não contava aquela história, os tapas, sim. Se
um dia for necessário mostrar o peito e a bunda, ok, ele pertence à personagem. Se um dia for necessário mostrar a vagina para contar uma história (de um câncer, por exemplo), eu vou mostrar, desde que não seja algo gratuito.

E fazer a Playboy, como foi? Hoje eu não faria novamente a Playboy. Na época, pensei na segurança financeira, no bem-estar da minha família. Na primeira vez que posei, gastei meu cachê com uma casa para a minha mãe, uma casa para o meu pai, e paguei os estudos dos meus irmãos. Na segunda, comprei uma casa para mim, e apliquei um dinheiro. Eu pensava: “Se eu ficar desempregada, consigo viver com esses juros”. A casa era em Jacarepaguá, depois a gente veio para a Barra. E hoje, como eu não preciso mais, já tenho essa segurança financeira, o que a revista pode me dar em troca? Não sou dessas pessoas que querem ter sempre mais, em termos de ganho material. Eu pensava muito nisto: quantas pessoas fizeram uma novela de sucesso com 18 anos e depois não deram certo? Eu achava que essa segurança
financeira faria uma diferença na nossa história. Por isso decidi posar nua. Hoje, tenho muita tranquilidade para falar a respeito. Depois que tive essa lição de vida com as garotas de programa, com quem convivi para fazer o Bruna Surfistinha, isso tudo ficou bem claro e resolvido para mim. Isso me permitiu ser quem sou hoje, não estar atrelada a projetos comerciais, não ter que vender, não o corpo, mas a verdade artística. Hoje eu posso brigar pela minha verdade artística.

Uma indiscrição, como você se refere a sua vagina? Nunca chamei de nome nenhum. Quando era criança minha mãe falava “limpar a pepeca”. Depois comecei a falar “vou fazer higienização íntima”. Boceta eu não falo. Acho feio. Vagina é uma palavra complexa, são muitas sílabas se comparar com cu [risos].

Ao longo da carreira, além do processo de conquistas pela atividade física, você também se submeteu a transformações corporais. Até que ponto colocar silicone nos seios, por exemplo, é uma exigência de mercado de trabalho? Na verdade, eu botei silicone por uma questão que surgiu na análise. Eu tinha um superproblema com o peito da minha irmã. Ela tinha um peito lindo – e o meu peito não crescia. Até que um dia, a Dora, minha analista, disse: “Ô, Deborah, eu sou contra a plástica. Mas se isso está te fazendo mal na relação familiar, resolve o seu problema. Vai para vida”. E eu: “Não sei, quero ter filho antes”. E ela: “Mas isso parece ser um problema tão grande que você talvez nem tenha filho por causa dessas questões”. Se é um nariz que incomoda, alguma coisa física que faz mal para a pessoa, acho ótimo resolver com plástica, mesmo que soe fútil para os outros. Eu cresci com isto: minha irmã era muito mais bonita, os meninos gostavam dela. Os que eu gostava, namoraram com ela. Ela é um ano e meio mais nova do que eu. Eu jogava a culpa disso no peito, sabe? E realmente foi a solução, porque eu botei o peito e vi que não era esse o problema [risos]. Botei uma vez só, foi pouco, 230, 280 mililitros, eu acho. De roupa, não aparece tanto. Não sei se faria hoje, sabendo de tantos casos em que houve complicações. Bom, não ficou dos piores [risos]. Tem coisas que a gente só aprende com a idade. No final, mais vale o molinho verdadeiro do que o duro falso [risos].

Você cresceu na era da camisinha, a Aids já era tema na época do Confissões de adolescente. Como viveu a sexualidade nessa fase? Muito antes da minha primeira relação, minha mãe já havia me levado ao ginecologista. Fui apresentada à pílula, camisinha etc. A gente tinha aula de educação sexual: a coisa de como pedir para o cara botar a camisinha eu aprendi no colégio. Perdi a virgindade aos 18 anos, com camisinha. Assim, de uma forma lúdica, eu diria que não sou o tipo de mulher que vai dar para um cara hoje sem pensar que amanhã a gente vai se falar e discutir o nome dos nossos filhos [risos]. Para mim, a intimidade que o sexo permite a um casal é para pensar em construir uma vida juntos. Se não for assim, nem começa. Eu não lido bem com isso: se o cara não me ligar no dia seguinte, eu me mato [risos]! Não tenho essa força. Eu namoro muito, me envolvo muito. Tento acreditar nesse amor que talvez não seja tão perfeito quanto acho que é. E, com o tempo, me deparo com a realidade. Mas sempre começo alguma coisa pensando em relacionamento.

E drogas, elas estiveram por perto? Costumo dizer que tive sorte. De conhecer o final da história muito cedo. Tive contato com as drogas assistindo a pessoas muito próximas morrerem de overdose. Minha mãe segurou a gente em casa o máximo que pôde. Quando fui ter contato com drogas, já vi o fim da história: overdose, corre pro hospital, vai morrer, não vai morrer. Nessa ocasião, pensei: “Não quero isso para mim. Deve ser bom pra caralho, senão as pessoas não iriam se foder assim”. Isso ficou claro pra mim aos 17 anos. Eu nunca experimentei, e nem posso. Tenho total consciência. Pessoas com a minha intensidade... O meu fim seria aquele que eu vi, e seria rápido. Sou assim com comida. Como uma forma de pudim inteira. Tiro do forno e como direto. Uma panela de brigadeiro todinha também.

Doces são o seu fraco? E álcool? Só os doces. Comida em geral: arroz, feijão, farofa. Bebida, não. Não bebo nada, nem vinho. Não gosto do cheiro, acho mulher bêbada feio, perde uma coisa mágica, suave, doce... Mulher com cerveja, então... Mas quem gosta, tudo bem. Eu acho que se bebesse também, poderia adorar, gostar demais, ficar doida... Tem uma outra coisa aí: eu sempre soube que nasci com uma loucura artística de me permitir viver outras vidas. Por isso não posso perder minha razão, eu me perderia por aí. Passar do ponto fora da consciência, sabe? Eu já vim querendo brincar de ser outra pessoa, já vim com essa dose de loucura. Mas, convivendo com pessoas que usam droga ao longo do tempo, minha prática sempre foi: eu não peço pra você parar, você não pede pra eu usar.

Julia Rabello e Marcos Veras no Trip FM

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Marcos Veras

Marcos Veras

A atriz Júlia Rabello tem uma importante trajetória no teatro, mas foi na internet, no canal Porta dos Fundos, que ganhou fama e conquistou o público brasileiro. Nesse papo com o TRIP FM Júlia conta um pouca da sua trajetória e explica como faz pra se dividir entre o cinema, o teatro e a internet.

Marcos Veras é ator, comediante e se divide entre o teatro, o rádio, a televisão, o cinema e a internet. Com tantos talentos, fomos conversar com ele pra saber mais sobre sua trajetória e saber como é que ele faz para atuar, com qualidade, em áreas tão diferentes. Pra completar, Marcos revela se gostaria, ou não, de atuar em produções mais dramáticas, menos ligadas ao gênero do humor. Se liga, Marcos Veras no TRIP FM.

E no programa de hoje a gente conversa com os atores Júlia Rabello e Marcos Veras, casal que, entre outras coisas, atua lá com o pessoal do Porta dos Fundos. O Marcos e a Julia vão contra um pouco sobre a trajetória deles, sobre atuar em diferentes plataformas, vão responder se acham que o mundo está mais careta, vão falar de relacionamento, filhos e mais um monte de coisa bacana hoje no TRIP FM com Júlia Rabello e Marcos Veras.

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SET

Rolling Stones -- Sympathy for the Devil

Foals -- My number

Stephan San Juan -- O Chance

Eels -- Lone Wolf

Seun Kuti -- Many Things

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O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz


Tabet, o Kibe Loco do Porta dos Fundos: A internet é a nossa casa

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Reprodução

Antonio Tabet

Antonio Tabet

. Um dos fundadores do canal Porta dos Fundos, Tabet conta ao programa sobre o começo da sua trajetória, fala da sua experiência na publicidade, na internet e, claro, sobre o sucesso do Porta dos Fundos: “A internet é a nossa casa. A gente não vai sair da internet nunca”. 

Gero Camilo

Gero Camilo

O programa também conversa com Gero Camilo. Poeta, músico, escritor e ator, Gero atuou em alguns dos mais aclamados filmes brasileiros dos últimos anos, como Bicho de sete cabeças, Cidade de Deus e Carandiru, onde viveu um inesquecível, e pitoresco, par romântico com Rodrigo Santoro. Ao Trip TV, Gero fala sobre arte, poesia, música, sobre seu novo disco, Megatamainho, sobre o estereótipo do nordestino e política: “As manifestações do ano passado mexeram muito comigo. Estive em várias. Não era só a tarifa do ônibus. Era minha sexualidade sendo atacada por uma homofobia alucinada. Eu sou um ser político. Eu tenho muita vontade dessa discussão”. 

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Dr. Tuíbio Leite de Barros

Ainda nesta edição, o doutor Turíbio Leite de Barros, um dos mais respeitados fisiologistas esportivos do Brasil, comenta sobre o preparo físico de alguns dos maiores nomes do futebol mundial: “O futebol é uma das modalidades esportivas em que a técnica é muito mais importante que o físico”. 

Televisão com Marcelo Tas, Maurício Stycer e Rogério Gallo

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Rogério Gallo e Marcelo Tas

Rogério Gallo e Marcelo Tas

As edições de outubro da Trip e Tpm vão discutir o tema Televisão e no Trip FM de hoje a gente adianta um pouquinho do que você vai encontrar nas revistas. Pra falar sobre a transformação que esse mercado está sofrendo, o jornalista especializado em TV Maurício Stycer fala sobre os novos rumos desse setor com Marcelo Tas, apresentador do CQC, e com Rogério Gallo, vice-presidente da Turner.O debate completo você vai encontrar na edição de outubro da Trip, que chega em breve nas bancas.

A Trip reuniu essas três figuras pra tentar entender essa transformação do mercado. Você vai ouvir alguns trechos desse papo em primeira mão, hoje, no Trip FM.

 

 

SET: 

 

Aretha Franklin -- Rolling in the Deep

 

Steve Miller Band -- The Joker

 

Hollie Cook -- Postman

 

Tim Maia -- Você e eu Eu e Você

 

Marvin Gaye -- I Heard it Through the Grapevine

 

O Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Trip FM: O corpo feminino em debate

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Betty Milan, Carol Marra e Luana Piovani durante o debate da Casa TPM 2014.

E no primeiro fim de semana de outubro aconteceu, aqui em São Paulo, mais uma edição da Casa Tpm, um evento promovido pelas revistas Trip e Tpm para refletirmos sobre algumas das mais importantes questões femininas. Como todo ano, foi um fim de semana muito especial, com debates, palestras, encontros e muita diversão.

E hoje no TRIP FM, a gente vai trazer um pouco do que aconteceu por lá. Você vai ouvir aqui em primeira mão um debate muito bacana sobre “corpo”, sobre o corpo feminino, um debate que contou com a participação da atriz Luana Piovani, da jornalista e modelo transexual Carol Marra e da psicanalista Betty Milan. O assunto é importante e a conversa é boa, vale ficar ligado.

O assunto de hoje é “corpo feminino”.

 

SET:

Bob Marley - Jamming

Chico Buarque - Deixe a Menina

Arcade Fire - Wasted Hours

Dire Straits - Southbound Again

Jungle - Busy Earnin


Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

 

TRIP #236: Edição especial televisão

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reprodução

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Capas da Trip #237, que chega às bancas nesta quarta-feira (15/0ut)


Abaixo, trecho das Páginas Negras com a atriz e escritora Fernanda Torres na Trip que chega às bancas esta semana. Entre os assuntos abordados na entrevista: House of Cards, Dilma, Aécio, Marina, engajamento, depressão, desafios (e temores) da vida de escritora e a relação entre Machado de Assis, facada no baço e coxinha de ossobuco. Vai lá!

Num texto de Sete anos, seu livro novo, você conta a saga que foi a filmagem de Kuarup, dirigido pelo Ruy Guerra, no Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso, em 1988. Você narra o inferno que são os filmes de locação, projetos que parecem ameaçados por todos os lados, o tempo todo. E para o escritor, quais são as ameaças? Acho que são psíquicas, ligadas à autoestima, torturas mais sofisticadas. Com o ator a coisa é mais na pele; é se maquiar, gravar, ter que estar bem, disposta – e é desesperador! O negócio da escrita é um problema com a complexidade da consciência. Uma vez uma modelo me falou: “o duro de ser modelo é que uma atriz pode estar mal num papel ou em outro, mas a modelo precisa ter um nariz específico, um sorriso; são coisas que não dá para mudar”. Para o escritor é ainda pior. Não é um nariz, é a consciência. Não há o que se possa fazer se o escritor tem uma consciência superficial.

Seu romance, Fim, teve ótima recepção crítica, recebeu elogios do Roberto Schwarz, você foi convidada para a Flip. Quando consegue esse tipo de espaço ou uma crítica é boa, você pensa: "isso acontece porque sou uma atriz conhecida"? Como acha que seu prestígio influencia essa dinâmica? Isso te incomoda? Acho que é justamente o contrário. Uma atriz que escreve suscita enorme desconfiança. O fato de ser conhecida me ajudou a divulgar o livro, isso, sem dúvida, mas é como no teatro, ou no cinema, você pode ter um astro de Hollywood, mas se o filme não funcionar, o público não aparece. Eu me sinto muito despreparada para o mundo das letras. É como se voltasse ao início de carreira às vésperas de completar 50 anos. Eu desconfio de mim, da minha capacidade como escritora. Eu me vejo como um ser promissor, mas não sei se jamais vou conseguir dizer para mim mesma que sou uma escritora. Talvez eu nem queira me assumir assim para não perder a liberdade de poder escrever quando sentir necessidade, vontade, inspiração. A vida toda alternei trabalhos em teatro, cinema e TV porque sempre acreditei que um veículo reinventa você para o outro. A literatura entrou nessa roda agora. As crônicas me obrigam a ter uma prática diária, que um escritor tem que ter. Eu levei 48 anos para chegar ao romance, é um livro que nasceu da minha descoberta da morte, do tempo, das frustrações da vida.

Na última Flip, o Andrew Solomon falou que embora a depressão "não seja um fenômeno recente", a sociedade atual está "vivenciando mais depressão do que antigamente, ou seja, estamos diagnosticando mais a depressão". Você já teve depressão? Já tomou remédios?
Hoje, os laboratórios farmacêuticos medicam qualquer melancolia. Até o luto foi incluído na lista de doenças passíveis de serem tratadas. Há um exagero no uso de antidepressivos. O Antônio Damásio diz que a tristeza é um alerta, uma arma que a natureza criou para chamar a atenção para um problema que precisa ser encarado. É como a síndrome dos que não sentem dor. Sem dor, você pode sofrer um corte profundo e não perceber. Ele acredita que uma sociedade que deseja evitar a tristeza é uma sociedade doente. Nunca tomei nada com efeito cumulativo. Desses remédios que você toma e só dali a três semanas vai saber no que deu. No máximo, um S.O.S. para um dia difícil. Desconfio da ciranda que trata dos efeitos colaterais dos remédios, mas não do paciente em si. O médico pergunta sobre o resultado da droga, muda para outra, ou indica uma terceira para ser tomada junto com a primeira. Depois de um tempo, o paciente passa a sofrer de dependência, de causas que não são mais a angústia, mas a própria medicação. Acho que os interesses comerciais transformaram a depressão em lucro, e a população está servindo de cobaia. Por outro lado, a vida moderna é tão artificial para o homem, que, muitas vezes, é preciso interromper o funil da ansiedade, para que o sujeito possa levantar a cabeça e andar. Os antidepressivos ajudam muita gente, mas não podem servir de muleta ou vício. Penso que o paciente deve estar atento para se livrar do remédio assim que puder suportar a dor de ser o que é.

TRIP #237: Edição especial televisão

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Capas da Trip #237, que chega às bancas nesta quarta-feira (15/0ut)


Abaixo, trecho das Páginas Negras com a atriz e escritora Fernanda Torres na Trip que chega às bancas esta semana. Entre os assuntos abordados na entrevista: House of Cards, Dilma, Aécio, Marina, engajamento, depressão, desafios (e temores) da vida de escritora e a relação entre Machado de Assis, facada no baço e coxinha de ossobuco. Vai lá!

Num texto de Sete anos, seu livro novo, você conta a saga que foi a filmagem de Kuarup, dirigido pelo Ruy Guerra, no Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso, em 1988. Você narra o inferno que são os filmes de locação, projetos que parecem ameaçados por todos os lados, o tempo todo. E para o escritor, quais são as ameaças? Acho que são psíquicas, ligadas à autoestima, torturas mais sofisticadas. Com o ator a coisa é mais na pele; é se maquiar, gravar, ter que estar bem, disposta – e é desesperador! O negócio da escrita é um problema com a complexidade da consciência. Uma vez uma modelo me falou: “o duro de ser modelo é que uma atriz pode estar mal num papel ou em outro, mas a modelo precisa ter um nariz específico, um sorriso; são coisas que não dá para mudar”. Para o escritor é ainda pior. Não é um nariz, é a consciência. Não há o que se possa fazer se o escritor tem uma consciência superficial.

Seu romance, Fim, teve ótima recepção crítica, recebeu elogios do Roberto Schwarz, você foi convidada para a Flip. Quando consegue esse tipo de espaço ou uma crítica é boa, você pensa: "isso acontece porque sou uma atriz conhecida"? Como acha que seu prestígio influencia essa dinâmica? Isso te incomoda? Acho que é justamente o contrário. Uma atriz que escreve suscita enorme desconfiança. O fato de ser conhecida me ajudou a divulgar o livro, isso, sem dúvida, mas é como no teatro, ou no cinema, você pode ter um astro de Hollywood, mas se o filme não funcionar, o público não aparece. Eu me sinto muito despreparada para o mundo das letras. É como se voltasse ao início de carreira às vésperas de completar 50 anos. Eu desconfio de mim, da minha capacidade como escritora. Eu me vejo como um ser promissor, mas não sei se jamais vou conseguir dizer para mim mesma que sou uma escritora. Talvez eu nem queira me assumir assim para não perder a liberdade de poder escrever quando sentir necessidade, vontade, inspiração. A vida toda alternei trabalhos em teatro, cinema e TV porque sempre acreditei que um veículo reinventa você para o outro. A literatura entrou nessa roda agora. As crônicas me obrigam a ter uma prática diária, que um escritor tem que ter. Eu levei 48 anos para chegar ao romance, é um livro que nasceu da minha descoberta da morte, do tempo, das frustrações da vida.

Na última Flip, o Andrew Solomon falou que embora a depressão "não seja um fenômeno recente", a sociedade atual está "vivenciando mais depressão do que antigamente, ou seja, estamos diagnosticando mais a depressão". Você já teve depressão? Já tomou remédios?
Hoje, os laboratórios farmacêuticos medicam qualquer melancolia. Até o luto foi incluído na lista de doenças passíveis de serem tratadas. Há um exagero no uso de antidepressivos. O Antônio Damásio diz que a tristeza é um alerta, uma arma que a natureza criou para chamar a atenção para um problema que precisa ser encarado. É como a síndrome dos que não sentem dor. Sem dor, você pode sofrer um corte profundo e não perceber. Ele acredita que uma sociedade que deseja evitar a tristeza é uma sociedade doente. Nunca tomei nada com efeito cumulativo. Desses remédios que você toma e só dali a três semanas vai saber no que deu. No máximo, um S.O.S. para um dia difícil. Desconfio da ciranda que trata dos efeitos colaterais dos remédios, mas não do paciente em si. O médico pergunta sobre o resultado da droga, muda para outra, ou indica uma terceira para ser tomada junto com a primeira. Depois de um tempo, o paciente passa a sofrer de dependência, de causas que não são mais a angústia, mas a própria medicação. Acho que os interesses comerciais transformaram a depressão em lucro, e a população está servindo de cobaia. Por outro lado, a vida moderna é tão artificial para o homem, que, muitas vezes, é preciso interromper o funil da ansiedade, para que o sujeito possa levantar a cabeça e andar. Os antidepressivos ajudam muita gente, mas não podem servir de muleta ou vício. Penso que o paciente deve estar atento para se livrar do remédio assim que puder suportar a dor de ser o que é.

Marcelo Freixo no Trip FM

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Trip Transformadores

Marcelo Freixo

Marcelo Freixo

No programa de hoje, uma entrevista com o Marcelo Freixo, eleito o deputado estadual mais votado no Rio de Janeiro na última eleição.

Marcelo lembra seus tempos de mediador de conflitos e as negociações mais tensas que teve de mediar nos presídios cariocas. Fala também sobre os problemas mais complexos que existem hoje no Brasil, explica a suposta falta de sintonia entre as manifestações do ano passado e o resultados das urnas deste ano e, também, dá sua opinião sobre o tema que a Trip está se debruçando para analisar (tema de novembro da revista) porque as pessoas tem cada vez mais dificuldade de ouvir o outro? Por que estamos tão refratários às opiniões contrárias?

 

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

José Júnior no Trip FM

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E no programa de hoje a conversa é com José Júnior, fundador do grupo AfroReggae, ONG nascida em 1993 na favela de Vigário Geral, no Rio de Janeiro, que promove a inclusão social através da arte e da educação.

Júnior também é apresentador do programa Conexões Urbanas, no Multishow

No papo de hoje, o Júnior fala sobre mediação de conflito nos morros cariocas, sobre os principais conflitos que existem hoje no Brasil, sobre viver ameaçado de morte, sobre manifestações, eleições, regulamentação de drogas e muito mais.

Fica ligado que a conversa é boa hoje com José Júnior no TRIP FM.

 

SET

Kings of Convenience -- Mrs Cold

Peter Tosh -- Pick Myself Up

Lee Fileds -- Funky Screw

Jorge Ben Jor -- Brother

Hootie and the Blowfish -- Only Wanna Be With You

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Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz


Corta pro picadinho

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Divulgação

Corta pra mim! O lado gourmet de Marcelo Resende

Corta pra mim! O lado gourmet de Marcelo Resende

A vida profissional de Marcelo Rezende nunca foi moleza: do jornalismo esportivo ele migrou para a cobertura policial e fez uma carreira e tanto nela, se acostumando a encarar casos como os assassinatos do Maníaco do Parque. Hoje à frente do Cidade Alerta e com contrato com a Record até 2020, Rezende narra ao vivo perseguições, incêndios, acidentes, resgates e outras tragédias com uma carga dramática que pode deixar os telespectadores histéricos. Contudo, não quer ser conhecido somente por sua faceta policialesca: ele quer mostrar que dentro do peito à prova de balas também bate um coração gourmet. Para isso, prepara para outubro a estreia de um quadro dentro da página do Cidade Alerta no portal R7, em que vai mostrar seus dotes culinários.

Quem veio com a ideia do programa, a Record ou você? Fui eu, queria mostrar esse meu outro lado que as pessoas desconhecem. Você por acaso sabia que eu cozinho?

Não fazia ideia. Pra você cozinhar é algo terapêutico, que funciona como uma válvula de escape do estresse que tem no trabalho? Cozinhar funciona como válvula de escape para o meu estômago. Desde que eu saí de casa e fui morar sozinho, há 40 anos, eu cozinho. Mas eu gosto de coisas simples, diretas. Comigo não tem isso de ficar fazendo espuminha, de experiência sensorial. Comida é pra comer. Também não vou ensinar a uma dona de casa como fritar um bife, né?

O que você já cozinhou para esse seu quadro gastronômico? Macarrão com cogumelos japoneses, arroz de carreteiro, filé-mignon suíno e uma rabada. Também vai ter um quadro em que vou falar dos vinhos para acompanhar os pratos: para o macarrão e o porco eu recomendo vinhos da Borgonha, adoro Pinot Noir, mas não gosto de frescura. Outro dia vi um cara falando que sentiu aroma de suor de cavalo no vinho. Ah, vá pra puta que pariu!

É verdade que você tem duas cozinhas na sua casa? Sim, moro sozinho, mas uma cozinha é da Dina, que manda lá em casa, e a outra é minha. Às vezes ela deixa comida pra mim, muitas vezes eu não gosto e vou lá cozinhar. Dos sete dias da semana, cozinho em quatro, recebo os amigos, faço comida pra mais de 20 pessoas. Dá trabalho pra fazer, mas eu gosto.

Vai lá noticias.r7.com/cidade-alerta

Fernanda Torres

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Depois de um bem-sucedido romance de estreia e prestes a lançar livro com as crônicas escritas ao longo dos últimos sete anos, Fernanda Torres vem temperando os dias extrovertidos da atriz com as noites solitárias da escritora. 


Murillo Meirelles

Fernanda Torres

Enquanto é maquiada, Fernanda Torres lê Memórias póstumas de Brás Cubas. Estamos num estúdio, na Gávea, aguardando o início da sessão de fotos. A conversa, que começa ali, vai seguir pelo resto da tarde – no banco de trás de um táxi, num restaurante do Leblon, a pé atravessando a Ataulfo de Paiva até uma pequena galeria onde a atriz apanha seu filho mais novo, na fonoaudióloga. Antônio tem 6 anos; Joaquim, 14. Os dois são de seu casamento, de 18 anos, com o diretor Andrucha Waddington. 

Fernanda passa pelo capítulo 12 do livro de Machado de Assis. Num jantar que celebra a derrota de Napoleão, um dos letrados presentes começa a declamar versos. Ao escutá-lo, “as damas sentiam-se superfinas”, os homens olhavam-no com “respeito e inveja”. A certa altura, um sujeito interrompe o poeta para dar a notícia de que acabam de chegar “negros novos”, vindos de Luanda. “Então”, diz Fernanda, chamando a atenção para a implacável ironia de Machado, “o homem deixa de lado a poesia, a figura do europeu, cultivado, e fala algo como ‘podem trazer os negros!’.” 

“É um negócio incrível, o Machado tem esse olho, expõe esse tipo de absurdo”, elogia a atriz. “É mais ou menos como aquele vídeo da TV Folha, sabe? Durante o Mundial, a cobertura de um camarote VIP, em que uma mulher fala sobre a coxinha de ossobuco, um rapaz fala do medo de levar uma facada no baço. O Machado é isso. Friamente, ele vai deixando que os personagens falem, e a cena vai se transformando num documento assombroso sobre a ignorância, a violência. Uma coisa triste, corrosiva, terrível.” 

Fernanda sempre se interessou por literatura. Em 2013, escreveu seu primeiro livro, o romance Fim – que já passou a marca de 50 mil exemplares vendidos. Este mês, prepara-se para lançar Sete anos (ambos pela Companhia das Letras), volume que reúne as crônicas e os ensaios que publica desde 2007 em revistas e jornais. Ela diz não estar completamente à vontade nessa nova pele, de escritora. “Não sei se algum dia vou conseguir dizer para mim mesma que sou uma escritora. Talvez eu nem queira me assumir assim para não perder a liberdade de escrever quando quiser.” 

Entre os textos mais vigorosos de Sete anos está o relato, sensacional, dos dois meses e meio que Fernanda passou no coração do Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso, durante a filmagem de Kuarup, dirigido por Ruy Guerra, em 1989. 

Insetos, ameaças indígenas, banhos bissextos. “Remávamos canoas para não enlouquecer”, ri. Na época, Fernanda tinha 23 anos. Mas já era uma profissional com bagagem respeitável. Dois anos antes havia levado o prêmio de melhor atriz do Festival de Cannes com Eu sei que vou te amar (1986), de Arnaldo Jabor. O livro traz ainda crônicas sobre personagens que fizeram parte da história de Fernanda, como o ator Jorge Dória e o cineasta Eduardo Coutinho, além de um relato inédito (e emocionante) sobre o dia da morte de seu pai, Fernando Torres, em 2008. 

Na TV, Fernanda segue como a Fátima de Tapas & beijos, série da Globo que chega agora à sua quarta e última temporada. E também pode ser vista nos intervalos da programação, nas propagandas do sabão Ariel líquido. “Essa sou eu”, diverte-se. “Num dia, escrevendo um romance. No outro, lutando contra as manchas.” Duas atividades que, pensando bem, talvez estejam mais próximas do que a gente pode supor.

Trip. Sua infância foi no Rio?
Fernanda Torres. Eu nasci no Rio. Quanto tinha 2 anos, meus pais se mudaram para São Paulo. Até hoje, a garoa paulistana me traz a memória desse tempo. É algo muito arraigado, o que sinto com a vegetação escura de São Paulo, o frio, o Butantã. Mas a Pauliceia não era o que é hoje. São Paulo era a rua Paulistânia e as casinhas geminadas, Silvio Santos e o Ibirapuera. Aos 5, voltei para a Guanabara. Foi um choque sensorial. O sol, a praia, os hippies, Ipanema no seu apogeu. Um lugar muito mais cosmopolita do que São Paulo, muito mais sensual e liberto. São Paulo era o interior, o caipira, era um lugar protegido. O Rio era a urbe, a cidade. Hoje, é justamente o contrário. 

Como era a relação com seus pais? Meus pais [Fernando Torres e Fernanda Montenegro] são dois artistas independentes, autodidatas, mambembes. O teatro sempre norteou as escolhas deles. Foi no palco que se formaram, se educaram, que criaram os filhos. Era difícil enfrentar as longas ausências por conta das turnês constantes. A coxia sempre foi a continuação da minha casa. Eles trabalhavam nos fins de semana, nos feriados, nas férias. A mesa da sala de jantar era onde aconteciam os ensaios. Eu gostava de assistir aos dois sentados no lugar onde eu comia, discutindo personagens, autores, textos. Por outro lado, não tive uma infância muito solar. Era muito intelecto e pouco clube, poucas viagens, poucas festas e amigos com filhos. Eles ganhavam o suficiente, mas não havia sobra. A primeira viagem deles para a Europa foi também a minha e a do meu irmão. Só mais tarde, perto da adolescência, é que nossa vida econômica aliviou. Não havia luxos burgueses, durante muito tempo nossa árvore de Natal foi uma samambaia. Meus parentes todos são do subúrbio do Rio. Perto das minhas amigas de escola, eu me sentia um peixe fora d’água, dona de uma vida esquisita e alternativa.

 

"Na minha infância não havia luxos burgueses. Durante muito tempo nossa árvore de Natal foi uma samambaia"

 

Você já teve depressão? Tomou remédios? Hoje, os laboratórios farmacêuticos medicam qualquer melancolia. Até o luto foi incluído na lista de doenças que podem ser tratadas. Acho que há um exagero no uso de antidepressivos. O Antônio Damásio [neurocientista português] diz que a tristeza é um alerta, uma arma que a natureza criou para chamar nossa atenção para um problema que precisa ser encarado. É como a síndrome dos que não sentem dor. Sem dor, você pode sofrer um corte profundo e não perceber. Ele acredita que uma sociedade que deseja evitar a tristeza é uma sociedade doente. Nunca
tomei nada com efeito cumulativo. Desses remédios que você toma e só dali a três semanas vai saber no que deu. No máximo, um S.O.S. para um dia difícil. Desconfio da ciranda que trata dos efeitos colaterais dos remédios. O médico pergunta sobre o resultado da droga, muda para outra, ou indica uma terceira para ser usada junto com a primeira. Depois de um tempo, o paciente passa a sofrer de dependência, de causas que não são mais a angústia, mas a própria medicação. Acho que os interesses comerciais transformaram a depressão em lucro, e a população está servindo de cobaia. Por outro lado, a vida moderna é tão artificial que, muitas vezes, é preciso interromper o funil da ansiedade, para que o sujeito possa levantar a cabeça e andar. Os antidepressivos ajudam muita gente, mas não podem servir de muleta ou vício. Penso que o paciente deve estar atento para se livrar do remédio assim que puder suportar a dor de ser o que é.

No seu romance, Fim, você trata de uma espécie de tragédia do hedonismo carioca, de certa geração que viveu intensamente os anos 60 e chega à velhice. E para a sua geração, como foram os anos 80, a cocaína...? Até 1980, existia um discurso de que jamais haveria nada como a MPB. “A música não terá novos Chico, Caetano, Mutantes, Gal; agora é a época da discoteca e é medíocre”, diziam. E então vieram os anos 80. Descobri Bob Marley, os punks, o Sex Pistols, o rock brasileiro explodiu. Vivi intensamente essa época, vi Legião Urbana, Paralamas, Titãs, toda uma geração de pessoas que tinham a minha idade. Quanto às drogas, isso nunca me interessou. Todas as épocas têm uma droga emblemática. Nos anos 80, o Rio de Janeiro foi assolado pela cocaína. Hoje em dia são as drogas sintéticas. Mas nada disso foi muito a minha. Nunca tomei daime, por exemplo. Tenho medo de qualquer coisa que eu não possa descer quando quiser puxar a corda e descer. Nunca bebi, nunca consegui beber. Sou fraca com bebida. Tenho muita dificuldade de sair de mim. Estou me tornando uma pessoa insuportável [risos].

Com a internet, Netflix, YouTube, como você vê TV hoje? Tudo está mudando assustadoramente. Meu filho, por exemplo, não vê mais TV aberta, só on demand. Esse é o futuro. O espectador vai escolher o que assistir. A TV aberta está vendo seu público migrar para a internet. Isso está modificando toda a relação com a propaganda, por exemplo. Hoje, nas propagandas que faço, a parte de internet já é tão importante quanto o vídeo para TV. Mas a internet ainda não paga o mesmo que o jornal, que a TV aberta. A grande questão é até quando isso vai se sustentar. A internet democratizou a informação, mais pessoas têm acesso. Por outro lado, há o problema dos direitos autorais. Ainda precisamos descobrir formas de remunerar quem cria, quem edita, sem perder o caráter democrático da rede. 

Numa das crônicas do seu livro novo, você diz que o legado de diretores autorais como Scorsese, Cassavetes, Coppola, Polanski vingou como produto não no cinema independente, mas nas séries de TV. Queria que falasse sobre isso. Hoje, o Polanski, o Cassavetes estariam dirigindo séries de TV. Porque o cinema está custando tanto que, com raras exceções, não pode abrir mão de certas fórmulas, o que faz com que os roteiros e filmes sejam muito previsíveis. A televisão, não. Ela custa menos. É possível começar com um cenário pequeno, poucos atores. As séries se tornaram um espaço experimental. Aqui no Brasil, no entanto, não é assim, uma novela custa caro. Mas acho que uma emissora como a Globo é quem mais está apta a produzir ficção no Brasil. É inacreditável o parque de produção da Globo. O Brasil criou uma emissora que faz ficção brasileira e que gera uma quantidade enorme de estúdios, de profissionais. Acredito que a Globo vá rumar para a internet etc. Hoje uma TV tem que ter esse leque, não é mais uma janela apenas, é um leque maior.

 

"Tenho uma identificação total com o Brasil, com essa maneira não muito organizada de lidar com as coisas"

 

No mesmo texto, você escreve: “Impossível assistir a House of cards sem se perguntar o porquê de a política ser um tema tão bissexto na dramaturgia nacional. As pesquisas de opinião afirmam que o brasileiro rejeita o mote, mas será que a aversão não se deve à falta de obras relevantes sobre o assunto? Por que não retratamos o Congresso à maneira dos americanos, seja para enaltecê-lo ou para dissecá-lo?”. Por quê? Tem a coisa de as TVs serem concessões públicas. E o Estado tutela a produção cultural do Brasil. Eu sinto falta de política na ficção da TV. O House of cards é incrível porque eles não pegam os republicanos para dizer que os republicanos são maus, eles pegam o partido democrata para dizer que o sistema é assim. O House of cards ensina o que é a política, de uma maneira apartidária. Hoje em dia, no Brasil, depois dessa experiência do PSDB, do PT, da ditadura, a gente aprendeu que não há o bom e o mau. Há a política como sistema que amarra tudo, e a gente de certa forma é refém da política, do sistema político. Eu adoraria ver por aqui um produto de ficção que investigasse como funciona o sistema político. Eu acho que a gente ainda não se retratou. Nesse sentido, eu adorava as novelas do Benedito Ruy Barbosa. Ele tinha uma compreensão profunda do Brasil. Ou quando o Gilberto Braga fez Vale tudo, que era como se dissesse: “Nós somos canalhas, o Brasil virou um país de canalhas”.

Falando em política, Dilma ou Marina? Acho que o PT é o partido mais sólido do Brasil. Ao mesmo tempo, existe uma percepção de que o PT era o partido que viria para mudar o sistema, e não foi assim, o PT entendeu que era dentro do sistema que deveria operar. No primeiro debate do primeiro turno, achei a Marina muito interessante. Ela me pareceu ter um discurso de “propor a conversa em outros termos”. Gostei da maneira como ela forçou o PT a mudar o discurso do marketing. E tem a questão da sustentabilidade, que é uma coisa que não se discutia até então. O PT é desenvolvimentista, o PSDB é desenvolvimentista. Mas depois, nos debates seguintes, o Eduardo Jorge e a Luciana Genro mostraram que representam forças importantes, que merecem ter representatividade, e o Aécio acabou me parecendo o político mais preparado para fazer uma oposição consistente. Achei a Dilma segura, apresentando números e propostas vindas de alguém que está no governo amparada por um partido que fez avanços sociais relevantes. A Petrobrás e o aparelhamento do Estado, por exemplo, são discussões que não chegam na massa do eleitorado. Acho que vai dar Dilma. A Marina acabou sendo consumida pelo jogo eleitoral, que é violento, e que é mais duro ainda para quem assume uma presidência.

 

"O PT é desenvolvimentista, o PSDB é desenvolvimentista. A Marina trouxe para o debate a questão da sustentabilidade"

 

Você já apoiou publicamente algum candidato? Sim, mas me arrependi.

Quem foi? Por quê? O Gabeira, para a prefeitura do Rio. Eu adoro o Gabeira. Mas acho que o Eduardo Paes é um prefeito mais objetivo. 

Você acha que o escritor, o ator devem que se posicionar publicamente? Não sei. Eu realmente me acho ignorante no jogo político. E acho que os artistas falam pouco da agenda dos artistas. É como se o artista não tivesse agenda. Por exemplo, o teatro precisa urgentemente de uma lei que regule suas relações trabalhistas. Porque não dá para ter carteira assinada sem cumprir 30 horas fixas por semana. Isso são questões que eu gostaria de ver, mas a gente nunca fala delas porque o artista está sempre falando em nome de uma coisa maior, está sempre apoiando o bem [risos]. E eu desconfio do bem. 

Das boas intenções? Muito [risos]. Eu desconfio muito do que penso também. A política é feita de tons fortes. É sim ou não. É isso ou aquilo, a pessoa é contra ou a favor. 

E a arte trabalha no território da complexidade... Da complexidade, da dúvida! Eu não tenho nenhuma certeza, de nada. Se alguém diz: “Eu sou PT, eu sou Dilma”, isso significa odiar o outro lado, e vice-versa. Dizer que vai votar numa pessoa é formatar- se imediatamente, você se transforma naquilo. Nunca consegui me convencer a ser totalmente isso ou aquilo. Seria ótimo se no mundo existisse o bem e o mal. Mas não existe. As coisas são mais complexas. E essa é a função da arte, trabalhar nesse miolo, nessa zona cinza. A arte só existe na contradição, e a política não lida com a contradição.

Você é casada com o Andrucha há 18 anos. Com o tempo, a relação mudou muito? Nós mudamos muito e continuamos os mesmos. Passamos por muitas coisas juntos, alegrias, crises, doenças e encontros. Filhos, dois filhos e dois enteados que criamos juntos. Éramos mais jovens, hoje não tanto. Você casa com uma pessoa e ela continua igual, embora muito diferente. Hoje, um é parte do outro. O tempo se transforma num sentimento físico mesmo, em uma parte de você. Eu e ele somos assim, hoje. 

Você teve uma fase envolvida com um teatro mais experimental, de vanguarda, quando viveu com o Gerald Thomas. O que aprendeu nessa época? Não separo o teatro de vanguarda do outro, é tudo teatro. Eu cresci admirando o Asdrúbal Trouxe o Trombone [grupo carioca de teatro dos anos 70, que tinha entre seus integrantes Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé]. Carmen com filtro e Um processo, do Gerald, foram montagens marcantes para mim, bem como Macunaíma e as versões do Antunes Filho para o Nelson Rodrigues. Mais tarde, vi a volta do Oficina. O teatro era o que havia de mais inquieto, livre e profundo. É um sentimento difícil de traduzir hoje, o frisson de estar na plateia de qualquer um desses espetáculos, a vontade que dava de ir para a cena. O The flash and crash days, que fiz com a minha mãe e o Gerald, foi um divisor de águas para mim. Depois, vivi quatro anos com ele, fiz amigos em Nova York que fazem parte da minha vida até hoje, assisti a diversas peças do Bob Wilson e tudo o que pude do Spalding Gray. A casa dos budas ditosos foi a minha maturidade. Nunca participei de um processo tão honesto, simples e certeiro. Essa peça me ensinou a destrinchar um texto, a me apropriar dele sem efeitos inúteis. O teatro me formou, me tornou um ser independente, capaz de escolher um repertório, livre da dependência do convite. O teatro me deu autoria.

O que anda lendo? Contemporâneos? Eu gosto do século 19. Leio pouco a literatura contemporânea. Cheguei a comprar os direitos do Na praia, do Ian McEwan, para fazer no teatro, mas os direitos venceram. Considero esse livro uma pérola, por ser tão conciso e deixar o leitor tão abismado no fim, tão comovido com o tempo e os enganos da vida. Não gosto da literatura dita moderna quando percebo nela algum maneirismo. Li muito Paul Auster quando estava em Nova York, mas acho que o Auster tem o vício da modernidade, o truque esperto que parece profundo, mas não é. Li tudo o que pude do Dostoiévski, Anna Kariênina, do Tolstói. Mas passei um período sem conseguir chegar perto dos livros, depois de concluir o Fim. Agora voltei a Machado e a alguns estudos sobre ele. Por conta disso, ando me aproximando do romantismo, da história do Brasil.

O que essa volta ao Machado está lhe ensinando sobre o Brasil? Há uma ideia de que nós nascemos escravocratas, e de alguma forma isso segue conosco. O Machado vai discutir como esse passado de escravidão se perpetuou na nossa maneira de ver o mundo. A ideia de que o Brasil nunca vai chegar a ser um país evoluído, no sentido europeu, de que não vai atingir essa chamada “civilização”, embora a gente se sinta cada vez mais dentro dela. Somos a 7ª economia do mundo. E repetimos isso, com orgulho, um orgulho de quem deseja fazer parte. Mas existe algo de periferia do mundo que jamais vamos superar; uma ideia de que entre nós a ciência, o iluminismo, a educação, a cultura, tudo estará sempre fora do lugar. 

Esse lugar periférico pode nos fazer olhar as coisas de outro ângulo, não? Sim, penso que talvez seja possível lançar mão de uma crítica mais apurada do ser humano, colocar em xeque uma ideia de “civilização”, repensar algumas certezas. Eu não gostaria de morar fora, por exemplo, ser europeia, americana. Tenho uma identificação total com o Brasil e me sinto um pouco a periferia do mundo, no sentido de que as coisas chegam aqui desordenadas. Eu não tenho formação acadêmica [Fernanda fez vestibular para artes plásticas, passou, mas nunca pisou na faculdade], me identifico com essa maneira não muito organizada de lidar com as coisas. E tem isso de o Brasil, de repente, se transformar num país de ponta, que produz figuras como o Artur Ávila, matemático que ganhou a Medalha Fields [prêmio mais prestigioso da disciplina, frequentemente comparado ao Nobel]. Ou seja, ao mesmo tempo, o Brasil é e não é o país coronelista, atrasado, sem cultura. PÁGINAS NEGRAS

Há 14 anos, numa entrevista à Trip, quando perguntada se “alguma vez já se imaginou não sendo atriz”, você respondeu, meio na brincadeira: “Cada vez mais!”. Corta para hoje. Você escreveu um romance, lança este mês um volume de crônicas. Daqui para a frente, você vai ser mais escritora ou mais atriz? Eu vou ser onde eu conseguir ser. Ninguém escolhe assim. Acho que o que muda com a idade é que você passa a criar seus próprios projetos. Se tiver oportunidade, vou ser as duas coisas. Acho também que um ator pode se beneficiar da literatura. Um ator que leu sabe como decupar o sentimento, entende com mais clareza o raciocínio dos personagens, consegue situá-los num lugar mais amplo, sabe de que herança eles vêm, conhece os gêneros. Não é apenas ser engraçado ou ser trágico. É mais do que isso. E tem o inverso, acho que um escritor pode tirar proveito da experiência como ator, do improviso. Sempre que um ator vive um personagem existe uma conversa interna, aquela coisa do Berkoff, que escreveu o I am Hamlet, um livro sobre o que ele pensava enquanto fazia o Hamlet. Isso ajuda.

O escritor argentino Alan Pauls, que já foi ator em alguns filmes, disse uma vez: “Quando um autor escreve, ele está só e, sobretudo, é responsável por cada uma das palavras que escreve. Como ator, eu não tinha que ser autor de nada. Era apenas um ventríloquo, um boneco, e descobri o prazer nisso”. Para mim aconteceu o contrário. A profissão do ator é muito coletiva, o tempo todo, e eu sou um tanto sociofóbica [risos]. No teatro, tem o cenário, a luz, a música, um diretor. Isso é o mínimo. No cinema, é preciso levantar milhões, convencer pessoas sobre o projeto. Então, ao escrever o livro, foi um alívio poder sentar à noite e ver tudo brotar dos meus dedos, da minha consciência. Só. Ao mesmo tempo, acho que o ator não é tão ventríloquo assim. Existe autoria no trabalho do ator. E, do outro lado, num romance o autor não é tão onipotente quanto se pensa. Num determinado nível, é a história que conduz o escritor. O autor pode até pensar: “Ah eu quero escrever um romance assim”. Mas, quando começa a escrever, é outra coisa.

No seu livro novo, há um texto sobre medo de entrar em cena. Você já passou por isso? É apavorante! Eu acabei de dizer não para um projetopor medo, achei que não teria tempo de me preparar. No filme do Eduardo Coutinho, Jogo de cena, foi um pânico. Eu não consigo muito isso de “vá para casa, ensaie, volte e me apresente”. Se a coisa acontecer dessa forma, eu errarei, estarei péssima. Sou uma atriz que já perdeu papel em leitura. Eu me sinto esquisita. O pânico de entrar em cena tive muitas vezes. Em Selva de pedra [novela de 1986, remake da original, de 1972], eu estava muito mal. Foram oito meses em que não me encontrei. É uma sensação horrorosa. No dia seguinte você tem que estar lá, e voltar, e fazer. Até hoje peço perdão ao Tony Ramos, que contracenava comigo [risos]. É uma das sensações mais torturantes: aguentar uma temporada de teatro que você vai mal, lidar com a sua limitação, ser humilde. É apavorante.

Em outra crônica do livro, você conta a saga que foi a fi lmagem de Kuarup, no Parque Nacional do Xingu. Você narra o inferno que são os fi lmes de locação, projetos que parecem ameaçados por todos os lados. E para o escritor, quais são as ameaças? Acho que são psíquicas. São ligadas à autoestima, torturas mais sofisticadas. Com o ator a coisa é mais na pele; é se maquiar, ter que estar bem – é desesperador [risos]. O negócio da escrita é um problema com a complexidade da consciência. Uma vez uma modelo me falou: “O duro de ser modelo é que uma atriz pode estar mal num papel ou em outro, mas a modelo precisa ter um nariz específico, um sorriso; são coisas que não dá para mudar”. Para o escritor é ainda pior. Não é um nariz, é a consciência! Não há o que se possa fazer se o escritor tem uma consciência superficial [risos].


"Eu me sinto despreparada para o mundo das letras. É como se voltasse ao início de carreira às vésperas de completar 50 anos"


Seu romance, Fim, teve ótima recepção crítica, recebeu elogios de gente como Roberto Schwarz, você foi convidada para a Flip. Como acha que seu prestígio como atriz influenciou nisso? Quando uma crítica é boa, você pensa: “Está me elogiando só porque sou uma atriz conhecida”? Isso incomoda você? Acho que é justo o contrário. Uma atriz que escreve suscita enorme desconfiança. Acho que o fato de ser conhecida me ajudou a divulgar o livro, isso, sem dúvida, mas é como no teatro ou no cinema, você pode ter um astro de Hollywood, mas, se o filme não funcionar, o público não aparece. Eu me sinto despreparada para o mundo das letras. É como se voltasse ao início de carreira às vésperas de completar 50 anos. Eu desconfio de mim, da minha capacidade como escritora, contei muito com a parceria da Companhia das Letras para chegar ao Fim. Eu me vejo como um ser promissor, mas não sei se vou conseguir dizer para mim mesma que sou uma escritora. Talvez eu nem queira me assumir assim para não perder a liberdade de poder escrever quando sentir necessidade, vontade, inspiração. A vida toda alternei trabalhos em teatro, cinema e TV porque sempre acreditei que um veículo reinventa você para o outro. A literatura entrou nessa roda agora, é um dos lugares que posso visitar. As crônicas me obrigam a ter uma prática diária, que um escritor tem que ter. Eu levei 48 anos para chegar ao romance, é um livro que nasceu da minha descoberta da morte, do tempo, das frustrações da vida adulta.

Estela Renner no Trip FM

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Diretora de Criança - a Alma do Negócio e Muito Além do Peso é a nossa convidada

A documentarista Estela Renner durante entrevista aos estúdios do Trip FM

E no programa de hoje a gente recebe a cineasta Estela Renner. Sócia da produtora Maria Farinha, a documentarista e dirigiu nos últimos anos os filmes Criança - a Alma do Negócio e Muito além do peso, obras que tratam da publicidade voltada para as crianças e da epidemia de obesidade infantil.

Estela também produziu, mais recentemente, o Tarja Branca – A Revolução que Faltava, filme que trata da necessidade de nos dedicarmos mais, e melhor, ao ócio e às brincadeiras.

Conteúdo, informação e diversão na conversa de hoje com Estela Renner.

 

SET

Damon Albarn - Mr Tembo

Marcia Castro  - Na Menina dos meus Olhos

David Bowie - Rebel Rebel

Traveling Wilburys - Handle With Care

Rubinho Jacobina - Segue Esculachando

Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

Como é que se diz

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Depois do sucesso de Nó na orelha em 2011, Criolo chegou a dizer que não gravaria mais discos. Sorte dos fãs, o músico não teve problemas em voltar atrás na afirmação e lança agora Convoque seu Buda, que está disponível na internet desde o dia 4 de novembro. Conversamos com Criolo sobre o novo trabalho, ser mal-entendido pelas redes sociais e outros lances.

Fale um pouco sobre o disco novo, como foi o processo? Foi um disco muito bom de viver. Mais uma vez tive a felicidade de ter o Marcelo [Cabral] e o Daniel [Ganjaman] comigo. O que teve de interessante também foi ter os músicos da banda participando mais ativamente da construção do álbum. 

O sucesso de Nó na orelha mudou alguma coisa na hora de pensar esse novo disco? Não, fui fazendo as coisas do coração. Tem canções já escritas de três anos atrás, tem coisas que foram construídas no estúdio, de ver criações do Marcelo e do Daniel nascendo na minha frente e eu escrever coisas. Esse processo de deixar o coração ditar um pouco a parada.

Antes você tinha dito que não gravaria mais discos. É que é assim: também tô procurando me entender, e, a partir do momento que eu tô fazendo as coisas que são do meu coração, tá tudo bem. Não querendo galgar alguma coisa com isso que seja além da música. Havia tantas outras canções e é um jeito que eu tenho de me expressar. 

Parece hoje que as pessoas não se escutam, principalmente nas redes sociais. Acho que rede social é só um fragmento da vida da pessoa, não dá pra gente bater o martelo e dizer que não estamos nos ouvindo ou não estamos ouvindo o outro. Eu acredito ser mais complexo o processo de comunicação do ser humano. 

Naquela entrevista sua com o Lázaro Ramos, muita gente não entendeu o que você queria dizer. Ou eu não soube me comunicar, né. É que eu fui eu ali, mas não imaginei que você tinha que mudar pra falar com as pessoas. Acho que o grande barato é ser você mesmo, mas você vai aprendendo com a vida. Eu aprendi que tenho que aprender a me comunicar melhor.

Alguma música sua já foi mal interpretada pelo público? Difícil falar, cara. É tanta gente, não tem como você mensurar. Mas, assim, só de ter a possibilidade de deixar algo pro mundo, já é maravilhoso. Agora, o que o mundo vai fazer com isso e como você lida com isso é um outro lance. 

Uma música sua abre o documentário Junho, sobre as manifestações de 2013. Você acha que elas mudaram alguma coisa? Ah, continua a mesma né. Mas foi bonito ver. O que vamos fazer com isso é um processo de vida. Tudo leva tempo. Embora as questões sejam emergentes, deu pra perceber que ainda vai levar um bom tempo pra gente se ver como uma comunidade global maior. Aí vão te dando um falso poder e você acha que tem querer. A gente não tem querer nenhum, na verdade. A gente fica só querendo.

Bruno Mazzeo no Trip FM

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Bruno Mazzeo

Bruno Mazzeo

 

Nosso convidado é o ator e roteirista Bruno Mazzeo que está em cartaz em São Paulo com a peça "Sexo, Drogas e Rock n'Roll".

Bruno é filho de Chico Anysio e honra o legado do pai. Afinal, ele é hoje um dos principais nomes da nova safra do humor brasileiro. No programa, ele vai falar um pouco do seu monólogo e também sobre depressão, drogas, sobre os novos rumos da TV, internet, sua saída do Twitter e muita coisa legal.

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Trip FM vai ao ar na grande São Paulo às sextas às 21h, com reprise às terças às 23h pela Rádio Eldorado Brasil 3000, 107,3MHz

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